quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Correios tem previsão de lucro bilionário para 2020: a quem interessa a privatização da empresa?


A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) tem previsão de lucro bilionário para 2020. A estimativa é um lucro superior a 1 bilhão de reais, melhor resultado da estatal desde 2012. Essa previsão se dá no mesmo ano em que o governo Bolsonaro e o judiciário impuseram a retirada de um conjunto de direitos dos trabalhadores da estatal e de Paulo Guedes anunciar seu plano de privatização da empresa.


Segundo o vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios (ADCAP) e ex-conselheiro administrativo da estatal, Marcos César Silva, a previsão de lucro da empresa para esse ano é superior a 1 bilhão de reais, melhor resultado desde 2012. Essa estimativa se dá após Bolsonaro e Paulo Guedes anunciarem o projeto de privatização da empresa, um ataque de imensas proporções a uma das maiores empresas estatais do país.

Essa previsão de lucro bilionário desmascara uma das facetas do discurso falacioso dos setores que defendem com unhas e dentes a privatização das empresas públicas: a ideia de prejuízo/ônus para o Estado na manutenção das empresas estatais. A verdade é que Bolsonaro e Guedes querem entregar a qualquer custo o patrimônio público do país a fim de garantir mais um nicho de acumulação de capital para um punhado de capitalistas parasitas. Não à toa a “quebra do monopólio estatal” sobre os serviços postais desperta o interesse de um conjunto de capitalistas, tais como, Jeff Bezos (dono da Amazon) – o homem mais rico do mundo.

O plano de sucateamento dos Correios é ação consciente levada adiante pela direção da estatal há anos a fim de não só de precarizar as relações de trabalho e, portanto, atacar os trabalhadores com a retirada de direitos, mas também de instalar perante a sociedade uma ideia de insuficiência e má qualidade no serviço prestado e, dessa forma, viabilizar a privatização da empresa. Os únicos que se beneficiarão com a privatização do setor são as empresas que passarão a lucrar com esse serviço. O escandaloso apagão no Estado do Amapá escancarou a privatização tal como ela é: lucro dos empresários acima da vida de milhares de pessoas. A privatização dos correios irá não somente aprofundar a precarização das relações de trabalho como também significará para a população o sucateamento do serviço e problemas na cobertura territorial de entregas uma vez que o objetivo da empresa privada é a incansável sanha pelo lucro.

Essa projeção de lucro bilionário dos Correios também se deu no mesmo ano em que os trabalhadores do correios protagonizaram uma importante greve nacional contra a retirada de uma série de direitos e o projeto de privatização de Guedes. Foram 35 dias que uma única categoria no país mostrou uma verdadeira resistência nacional ao plano de ataques e reformas da extrema direita de Bolsonaro e dos militares.

Os ecetistas, categoria que se demonstrou essencial durante a pandemia e não à toa a empresa obteve lucro enorme (explosão do e-commerce), se enfrentaram com 70 ataques ao acordo coletivo vigente que têm 79 cláusulas. Entre eles, ataques que significam a redução drástica de salário e benefícios conquistados com lutas históricas. Um dos argumentos utilizado pelo General Floriano Peixoto, presidente da estatal, foi a ausência de condições reais para manter tais direitos. Uma grande mentira que se escancara com a previsão de lucro para esse ano.

Ou seja, está claro que trata-se de um projeto das distintas alas desse regime político podre de entrega total dos recursos naturais e empresas públicas ao capital financeiro internacional e nacional. Bolsonaro, militares, o Congresso reacionário de Rodrigo Maia e o judiciário expresso pelo STF e TST: querem avançar a passos largos com a retirada de direitos dos trabalhadores e com a privatização de uma das maiores estatais brasileiras.

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