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NA LUPA 🔎
Por Edney Souto
LULA APLAUDIDO NA ASSEMBLEIA-GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU
De volta à Assembleia-Geral após 14 anos, o presidente reforçou o papel de porta-voz dos países emergentes nos fóruns globais
Em seu oitavo discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira 19, em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou a postura que tem adotado internacionalmente de se colocar como um porta-voz dos países emergentes nos fóruns globais.
O presidente criticou abertamente a paralisia de instituições como o FMI e o Banco Mundial, além da OMC. Também se referiu ao BRICS como uma plataforma alternativa de realinhamento das forçar geopolíticas.
“A ampliação recente do grupo na Cúpula de Joanesburgo fortalece a luta por uma ordem que acomode a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21”, declarou. “Somos uma força que trabalha em prol de um comércio global mais justo num contexto de grave crise do multilateralismo.”
Lula também foi aplaudido quanto tocou em temas espinhosos, como a prisão do jornalista Julian Assange e os embargos econômicos impostos há décadas pelos Estados Unidos contra Cuba.
FOME E DESIGUALDADE - Remetendo às outras participações suas no encontro, Lula foi enfático quanto à necessidade de se combater a fome e a desigualdade, destacando a falta de “vontade política” para combater as desigualdades.
“A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã”, declarou.
“O destino de cada criança que nasce neste planeta parece traçado ainda no ventre de sua mãe. A parte do mundo em que vivem seus pais e a classe social à qual pertence sua família irão determinar se essa criança terá ou não oportunidades ao longo da vida”, completou.
O presidente ainda afirmou que a comunidade internacional está mergulhada “em um turbilhão de crises múltiplas e simultâneas”, das quais a desigualdade é a raiz, e também ressaltou que a Agenda 2030 da ONU “pode se transformar em seu maior fracasso”.
“Estamos na metade do período de implementação e ainda distantes das metas definidas. A maior parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável caminha em ritmo lento.
O imperativo moral e político de erradicar a pobreza e acabar com a fome parece estar anestesiado”, criticou.
Para ele, a redução da desigualdade depende da inclusão do pobre nos orçamentos nacionais e da taxação adequadas dos ricos.
CLIMA - O presidente também cobrou os países ricos quanto à recursos para se combater as crises climáticas e a proteção ao meio ambiente.
“Os países ricos cresceram baseados em um modelo com altas taxas de emissões de gases danosos ao clima. A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implementação do que já foi acordado”.
“Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo”, completou.
Lula ainda cobrou os valores prometidos internacionalmente para a preservação ambiental.
“Sem a mobilização de recursos financeiros e tecnológicos não há como implementar o que decidimos no Acordo de Paris e no Marco Global da Biodiversidade. A promessa de destinar 100 bilhões de dólares – anualmente – para os países em desenvolvimento permanece apenas isso, uma promessa”, disse.
REPERCUSSÃO MUNDIAL - discurso histórico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da Assembleia Geral da ONU de 2023, realizado nesta terça-feira (23), teve grande repercussão na imprensa internacional.
O principal mote de Lula, "O Brasil voltou", acabou sendo a frase utilizada por boa parte dos veículos para repercutir o emocionante e potente discurso do presidente.
No britânico The Guardian, o jornalista Patrick Wintour definiu que o discurso do brasileiro recolocou as fichas do Brasil como "o verdadeiro líder do Sul Global".
Na Al Jazeera, do Catar, deu destaque às falas do presidente em favor da proteção das florestas e contra a desigualdade global, além da adesão do Brasil a uma agenda multilateral.
O russo RT destacou a proposta de reforma do Conselho de Segurança da ONU. "Lula insiste na urgência de reformas no Conselho de Segurança da ONU", afirmou o veículo.
A fala de Lula sobre a possibilidade de golpe na Guatemala repercutiu no país, e foi replicada em jornais como o Prensa Libre e La Hora.
O português Diário de Notícias ressaltou que o "presidente do Brasil aponta dedo a países ricos sobre crise climática e a "aventureiros de extrema direita"".
O espanhol El País decidiu valorizar o discurso de Lula sobre a Guerra da Ucrânia e colocou Joe Biden na linha fina: "Lula pede “diálogo” à ONU para acabar com a guerra na Ucrânia".
Nos americanos New York Times e Washington Post, houve mais repercussão do encontro entre Zelensky e Lula do que no discurso sobre desigualdade entregue pelo presidente. "Lula tentou jogar nos dois lados da guerra na Ucrânia, o que levou a um relacionamento estranho com o presidente Volodymyr Zelensky da Ucrânia", escreveu Jack Nicas para o New York Times.
Lula na ONU foi o sétimo assunto mais comentado no mundo no trending topics do Twitter e foi o mais debatido na rede social brasileira, como mostram dados do trends24.
Dados do Carta Capital, Veja e Forum
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