quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Na Lupa, Quinta, 01/08/2024, Blog do Edney

NA LUPA 🔎 
BLOG DO EDNEY 


Por Edney Souto


PT E PCDOB PERNAMBUCANOS NÃO SE BICAM E MOSTRAM FRAGILIDADE NA RELAÇÃO DENTRO DA FEDERAÇÃO 

Os recentes eventos na política pernambucana têm evidenciado uma crescente tensão entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), revelando feridas ainda abertas no relacionamento entre as duas legendas que fazem parte da Federação Brasil da Esperança. A filiação de um secretário ao PCdoB pelo prefeito João Campos e a indicação de um vice bolsonarista em Olinda são episódios que acirraram o clima de desconfiança e insatisfação.


A Polêmica Filiação de Victor Marques

O primeiro episódio que trouxe desconforto foi a filiação de Victor Marques, ex-chefe de gabinete do prefeito João Campos (PSB), ao PCdoB. Victor foi cotado como pré-candidato a vice-prefeito na chapa de Campos, uma posição que o PT também aspirava. A filiação sem consulta aos petistas gerou um sentimento de traição. Humberto Costa, senador e uma das principais lideranças do PT em Pernambuco, expressou sua insatisfação publicamente, destacando a falta de transparência do PCdoB. Para Costa, a movimentação deveria ter sido discutida abertamente, respeitando as aspirações do PT.
A filiação de Victor Marques ao PCdoB representou um movimento estratégico do prefeito João Campos para consolidar sua base de apoio, mas, ao mesmo tempo, expôs as fragilidades na comunicação e confiança entre os partidos aliados. O PT, ao perceber que seus anseios foram ignorados, viu-se numa posição desconfortável, levantando questionamentos sobre o futuro da parceria.

A Controversa Escolha de Celso Muniz

A tensão escalou ainda mais com a escolha do empresário Celso Muniz como vice na chapa de Vinícius Castello (PT) para a prefeitura de Olinda. Celso, conhecido por seu apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao candidato a governador Anderson Ferreira em 2022, foi uma escolha polêmica. Durante a convenção que oficializou a chapa, o clima entre os líderes do PT e do PCdoB foi tenso. Embora os principais oradores tenham evitado discutir abertamente a escolha de Celso, Vinícius Castello sentiu a necessidade de justificar a indicação, destacando a importância do diálogo entre empresários e a classe trabalhadora para o bem de Olinda. Celso, por sua vez, falou sobre a superação de divergências, enfatizando que a democracia se constrói com diálogo.
Na convenção, a tensão era palpável. Teresa Leitão, senadora do PT, tentou amenizar o clima ao lembrar a necessidade de um palanque forte para o presidente Lula em Olinda. Contudo, a postura de Humberto Costa e Luciana Santos refletiu a seriedade da situação. A plateia, majoritariamente composta por militantes petistas, aplaudiu Vinícius e os senadores do PT, mas manteve um silêncio constrangedor quando os nomes de Renildo Calheiros e Celso Muniz foram anunciados.


O Envolvimento de Lula e as Repercussões Internas

A convenção em Olinda teve momentos de constrangimento e sorrisos contidos. Teresa Leitão e Humberto Costa, senadores pelo PT, e Luciana Santos e Renildo Calheiros, representantes do PCdoB, evitaram interações calorosas, refletindo o mal-estar. Teresa Leitão, tentando amenizar a situação, lembrou que o presidente Lula precisa de um palanque forte em Olinda, enquanto Humberto Costa ressaltou a importância da unidade para a vitória. Luciana Santos procurou animar a militância, reafirmando a força da esquerda unida na cidade.
Os discursos dos líderes tentaram suavizar o impacto da escolha de Celso Muniz, mas os gestos e expressões durante o evento deixaram claro que a relação entre os partidos está longe de ser harmoniosa. A ausência de entusiasmo ao mencionar Renildo e Celso destacou a fratura interna e a dificuldade em reconciliar interesses divergentes.


A Disputa em Ipojuca e a Estratégia do PCdoB

Outro ponto de discórdia foi a tentativa do PCdoB de indicar um nome para disputar a Prefeitura de Ipojuca. Sebastião Aderbal Ferreira, conhecido como Bal de Lula, foi apontado como pré-candidato, desafiando o apoio do PT ao ex-prefeito Carlos Santana (Republicanos). A situação gerou tensões adicionais dentro da federação, com petistas acusando o PCdoB de agir com "pequenez" ao buscar abrir espaço para candidatos menos alinhados ideologicamente.
A movimentação em Ipojuca reforçou a percepção de que o PCdoB estava disposto a avançar seus próprios interesses, mesmo que isso significasse desafiar diretamente o PT. O nome de Bal de Lula, por sua proximidade com o presidente, foi uma jogada que complicou ainda mais a relação, especialmente porque o PT já havia manifestado seu apoio a outro candidato. A tentativa do PCdoB de se impor neste cenário foi vista como uma traição estratégica pelos petistas.


Reflexões sobre o Futuro da Federação

A relação entre PT e PCdoB na Federação Brasil da Esperança está fragilizada, e muitos dirigentes petistas acreditam que a federação não será renovada após o prazo inicial de quatro anos. A percepção de que o PCdoB utilizou estratégias de "barriga de aluguel" para avançar seus próprios interesses criou um sentimento de desconfiança que pode ser difícil de reparar. O processo em Olinda e Recife, embora defendido por líderes do PCdoB como natural, revelou profundas divergências que colocam em xeque a coesão da aliança.
A convivência entre as legendas, que já enfrentava desafios, agora se depara com a necessidade de um diálogo mais transparente e honesto para superar os atritos e fortalecer a unidade. O futuro da federação e das alianças em Pernambuco dependerá da capacidade dos partidos de encontrar um terreno comum que respeite as aspirações e os valores de cada um, mantendo o foco no objetivo maior de promover o desenvolvimento e a justiça social.


Impactos na Base Eleitoral e Militância

A militância petista, fundamental para a sustentação do partido em Pernambuco, também sente os efeitos dessas tensões. A indicação de um vice com histórico de apoio ao bolsonarismo foi vista por muitos como uma traição aos princípios e valores defendidos pelo PT. Este sentimento pode resultar em uma base menos engajada, afetando diretamente a campanha eleitoral.
Por outro lado, a militância do PCdoB, embora fiel ao partido, também enfrenta dilemas internos. A necessidade de justificar alianças controversas pode minar a confiança e o entusiasmo de seus apoiadores, especialmente aqueles que esperavam uma postura mais alinhada ideologicamente com o PT.

Estratégias para o Futuro

Para superar essas crises e fortalecer a aliança, será necessário que PT e PCdoB adotem uma abordagem mais colaborativa e transparente. Discussões internas devem ser incentivadas para garantir que todos os membros se sintam ouvidos e respeitados. Além disso, a construção de um plano comum que reflita os valores e objetivos de ambos os partidos pode ajudar a restaurar a confiança e a unidade.
As lideranças devem trabalhar juntas para encontrar soluções que atendam às expectativas de suas bases e que sejam percebidas como benéficas para a federação como um todo. Somente através de um esforço conjunto e sincero será possível superar as diferenças e construir um futuro político mais sólido e promissor para Pernambuco. É isso!

Nenhum comentário: