Em entrevista recente ao podcast "Fala, Indústria!", promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), Armando Monteiro, conselheiro da Confederação Nacional da Indústria (CNI), trouxe reflexões importantes sobre o futuro da indústria brasileira diante de um cenário global em transformação. Com uma visão crítica, ele abordou os desafios e oportunidades que o Brasil precisa enfrentar para se manter competitivo no novo panorama econômico internacional, especialmente em relação à reorganização das cadeias produtivas globais.
Durante a conversa, Armando destacou o movimento de "nearshoring", uma tendência que vem se intensificando nos últimos anos, particularmente após a pandemia de Covid-19 e os desafios geopolíticos globais. Essa estratégia, que busca aproximar as cadeias de produção dos grandes mercados consumidores, como Estados Unidos e Europa, tem favorecido nações como México e Canadá, que, segundo o conselheiro da CNI, já ultrapassaram a China como os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos. Ele alertou para o risco de o Brasil perder uma "oportunidade histórica" de inserção competitiva no cenário internacional caso não implemente, de maneira ágil, ações estratégicas voltadas para essa nova configuração.
Outro ponto de destaque na entrevista foi a necessidade urgente de capacitar o capital humano brasileiro para que o país esteja preparado para lidar com as novas tecnologias que estão redefinindo a indústria global. Armando Monteiro reforçou que a pressão por tecnologias habilitadoras, como a inteligência artificial e a automação, está se intensificando, e que o Brasil dispõe de pouco tempo para se adaptar. O desenvolvimento de mão de obra qualificada foi apontado como um dos pilares fundamentais para que o país consiga acompanhar essa transformação e se consolidar como um ator relevante no cenário internacional.
A reforma tributária, atualmente em discussão no Congresso Nacional, também foi um tema abordado por Monteiro, que a classificou como um "avanço essencial" para a competitividade da indústria brasileira. Ele reconheceu que, embora seja um passo significativo na direção certa, a reforma por si só não será suficiente. Armando ressaltou a necessidade de uma mudança mais ampla no ambiente de negócios do país, que inclua a desburocratização e a criação de condições mais favoráveis para o crescimento e a inovação no setor industrial.
Com vasta experiência no setor, tanto como empresário quanto em sua atuação política, Armando Monteiro reiterou a importância de uma ação coordenada entre o governo e a iniciativa privada para que o Brasil não perca as oportunidades que estão surgindo com a reconfiguração das cadeias produtivas globais. Ele enfatizou que o país precisa agir rapidamente para garantir sua inserção competitiva e sustentável no cenário internacional, sob pena de ser deixado para trás em um momento crucial da economia global.
O conselheiro da CNI finalizou a entrevista com uma reflexão sobre os muitos desafios que a indústria nacional ainda enfrenta, como a falta de infraestrutura adequada, os elevados custos logísticos e a complexidade tributária, que ainda são barreiras significativas para o setor. Entretanto, ele reforçou que o maior desafio está relacionado à formação do capital humano, destacando que essa deve ser uma prioridade imediata para o Brasil.
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