A disputa pela nova composição da mesa diretora da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para o biênio de 2025 a 2026, após a anulação da eleição antecipada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), entrou em uma nova fase com a decisão do PSB de declarar apoio público ao atual presidente da Casa, Álvaro Porto. O movimento, realizado nesta quarta-feira, representa um gesto simbólico do PSB, que, embora tenha posicionado nove de seus 13 parlamentares para a foto divulgada pelo presidente estadual da legenda, Sileno Guedes, manifestou respaldo direto a Álvaro, sem mencionar o atual 1º secretário da mesa, Gustavo Gouveia. Esse silêncio em torno do nome de Gouveia foi entendido como um sinal de que a bancada socialista pretende interferir no processo, levantando questionamentos sobre o atual comando da 1ª secretaria.
Com esse gesto, o PSB pode ter dado início a uma nova movimentação que busca trazer mudanças na composição da mesa diretora da Alepe. Embora Álvaro Porto conte com apoio amplo, que inclui uma parcela significativa da oposição e da base governista, a disputa pela 1ª secretaria pode tomar rumos distintos. A insatisfação do PSB com Gustavo Gouveia, que contou com apoio da legenda ao assumir o posto no início de 2023, mostra que os socialistas estariam agora dispostos a propor um novo nome para a 1ª secretaria. A liderança que desponta entre os membros do PSB é a do deputado Diogo Moraes, que já ocupou essa posição em ocasiões anteriores e goza de boa articulação dentro da Alepe. Nos corredores da Casa, há rumores de que um terceiro nome poderia surgir, dividindo o processo entre três candidaturas e tornando o resultado imprevisível.
A governadora Raquel Lyra, por sua vez, deixou claro que sua preferência recai sobre a permanência de Álvaro Porto na presidência, valorizando a estabilidade que isso traria ao processo sucessório. Para o Palácio das Princesas, manter Gustavo Gouveia na 1ª secretaria seria também a melhor configuração, já que ele é um dos governistas de maior influência na Alepe e possui um relacionamento institucional favorável com Álvaro, que, por sua vez, se alinha à oposição em vários aspectos. No entanto, a movimentação do PSB aumenta a possibilidade de que essa reconfiguração do poder sofra um impacto significativo, especialmente se o PSB seguir adiante com seu intento de trocar o comando da 1ª secretaria.
Outro aspecto que adiciona complexidade ao quadro é a postura do Partido Progressista (PP). Se essa legenda, que conta com 11 parlamentares, resolver seguir a linha do PSB e retirar seu apoio a Gustavo Gouveia, a situação do atual 1º secretário pode se tornar insustentável. Dentro do PP, há pelo menos três deputados que não apareceram na foto divulgada pelo PSB, o que sugere a possibilidade de apoio mútuo entre os partidos para efetivar essa mudança na mesa diretora. A unidade do PP se torna uma variável decisiva nesse embate, pois, ao contrário do PSB, que possui parlamentares que oscilam entre diferentes posições, o PP é conhecido por atuar de maneira coesa em votações importantes.
Esse cenário de disputa se agrava pela postura do PSB de buscar aliança com deputados dissidentes, uma jogada que inclui o apoio da deputada Dany Portela, o que resultaria em um reforço significativo da bancada em favor de Diogo Moraes na 1ª secretaria. Nos bastidores, a relação amistosa de Diogo com diversos membros da Alepe e o voto secreto tornam a situação ainda mais indefinida, pois o processo sucessório passa a depender de um campo de alianças e decisões estratégicas que podem afetar não apenas a 1ª secretaria, mas outros cargos na mesa diretora, embaralhando ainda mais a composição final.
Ainda que Álvaro Porto esteja em fase de recuperação de uma cirurgia na coluna, a situação tende a se definir com mais clareza após seu retorno.
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