As eleições deste ano no Recife trouxeram um cenário que vai além da vitória expressiva do prefeito João Campos (PSB). Se por um lado o triunfo era esperado, a derrota de seus adversários, em especial Gilson Machado (PL), gerou espanto, principalmente entre os caciques de seu partido. A performance do ex-ministro do Turismo foi considerada desastrosa, sendo a pior de um segundo colocado em mais de três décadas. Com menos de 15% dos votos, Gilson marcou uma posição histórica pela baixa aceitação, em contraste com os números tradicionalmente mais elevados que costumam representar a oposição em disputas acirradas na capital pernambucana.
O resultado foi recebido com surpresa, pois Gilson, embora fosse visto como o candidato mais alinhado ao bolsonarismo na região, não conseguiu mobilizar o eleitorado de forma significativa. Muito se especula que o motivo dessa debacle não foi a falta de recursos, já que o candidato teria contado com cerca de 8 milhões de reais durante a campanha, entre pré-campanha e recursos destinados diretamente ao pleito. Uma cifra robusta para um candidato que estava no centro do cenário político nacional nos últimos anos.
No entanto, a ausência de Jair Bolsonaro na campanha parece ter sido um fator decisivo. O ex-presidente, que tantas vezes atraiu massas e garantiu vitórias para seus aliados, optou por não aparecer ao lado de Gilson Machado em momentos cruciais, deixando seu candidato local sem o respaldo necessário para uma vitória mais expressiva ou até mesmo para uma disputa digna do segundo lugar. Essa ausência fez com que Machado enfrentasse o desgaste natural de uma candidatura isolada, sem o carisma e a força política de Bolsonaro para mobilizar o eleitorado recifense.
Diante disso, a derrota não é apenas um revés pessoal para Gilson Machado, mas um reflexo das dificuldades enfrentadas pelos candidatos alinhados ao bolsonarismo, quando desprovidos do apoio direto do ex-presidente. Assim, a eleição deste ano deixou uma marca significativa no campo conservador, que esperava, pelo menos, uma representação mais competitiva, e revela a complexidade de se manter relevante em um cenário onde a polarização já não é suficiente para garantir bons resultados.
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