quarta-feira, 2 de outubro de 2024

GRUPO ALICIAVA MULHERES EM PERNAMBUCO PARA CASAMENTO COM CHINESES, DIZ PF

Uma operação de grande envergadura foi deflagrada pela Polícia Federal em Pernambuco nesta terça-feira, dia 1º de outubro, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa suspeita de aliciar mulheres brasileiras para casamentos de fachada com cidadãos chineses. Segundo as investigações, a principal intenção dos envolvidos era legitimar a permanência desses estrangeiros no Brasil por meio de casamentos forjados, em clara violação ao sistema migratório nacional. 

As investigações que culminaram na ação tiveram início em 2021, após o recebimento de uma denúncia que apontava irregularidades em pedidos de residência de estrangeiros, baseados em uniões fraudulentas com mulheres brasileiras. Ao longo do inquérito, foram identificados indícios de que a organização criminosa atuava ativamente na busca por mulheres solteiras, oferecendo valores em dinheiro para que estas se submetessem aos casamentos. Embora a Polícia Federal não tenha divulgado o montante oferecido às aliciadas, ficou claro que o pagamento era um dos principais meios utilizados pela quadrilha para assegurar a participação das vítimas no esquema. 

A Operação Enlace, como foi batizada, realizou um total de dez mandados de busca e apreensão em diferentes localidades, sendo quatro cumpridos no Recife, um em Paulista, três em Caruaru, no Agreste pernambucano, e outros dois no estado de São Paulo. Imagens divulgadas pela Polícia Federal mostram que, além de diversos documentos, uma significativa quantidade de dinheiro foi apreendida, sugerindo que o esquema movimentava somas consideráveis. Toda a operação foi autorizada pela 16ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco, com sede em Caruaru, que emitiu os mandados necessários para o cumprimento das diligências.

O nome da operação, "Enlace", faz alusão direta à simulação de matrimônios que era orquestrada pelos investigados, em uma tentativa de conferir legitimidade às relações, possibilitando que os estrangeiros obtivessem benefícios migratórios e permanecessem legalmente no país. O uso de casamentos falsos como meio de burlar o sistema migratório é considerado uma prática grave, especialmente quando envolvem redes criminosas organizadas.

Apesar de a Polícia Federal não ter informado com precisão o número de pessoas investigadas ou presas durante a operação, foi confirmado que os crimes apurados incluem formação de organização criminosa, falsidade ideológica e o uso de documentos falsos, todos enquadrados no Código Penal Brasileiro. Essas infrações, se comprovadas, podem resultar em penas que, somadas, ultrapassam 19 anos de prisão para os envolvidos. A operação é mais um capítulo da luta das autoridades contra a exploração de brechas no sistema legal brasileiro, que são utilizadas por grupos criminosos para favorecer interesses particulares de estrangeiros que desejam permanecer no Brasil a qualquer custo, ainda que isso implique em práticas ilegais e a exploração de vulnerabilidades sociais e econômicas de cidadãos brasileiros.

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