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BLOG DO EDNEY
Por Edney Souto
DEBATE QUENTE NA TV JORNAL DO RECIFE
Debate Eleitoral em Recife: Candidatos Confrontam Ideias em Encontro Acirrado a Cinco Dias das Eleições
Primeiro confronto televisivo marca polarização entre projetos políticos e críticas à gestão de João Campos
Na noite de terça-feira, 1º de outubro de 2024, a TV Jornal promoveu o primeiro grande debate televisivo entre os candidatos à Prefeitura do Recife. O evento, que aconteceu a poucos dias das eleições municipais, reuniu os principais nomes da disputa: Dani Portela (PSOL), Daniel Coelho (PSD), Gilson Machado (PL), João Campos (PSB) e Técio Teles (Novo). Todos os candidatos convidados possuem representação no Congresso Nacional, o que marcou um encontro de perfis e propostas distintos para o futuro da capital pernambucana.
O debate foi mediado pela jornalista Anne Barreto e iniciou com a apresentação dos candidatos, seguida de uma série de trocas intensas de acusações e defesas, sobretudo em relação à atual gestão de João Campos, que busca a reeleição pelo PSB.
Apresentações Iniciais: Destaque Feminino e Críticas à Gestão Atual
O momento inicial do debate deu a cada candidato um minuto para se apresentar ao público. A candidata do PSOL, Dani Portela, destacou-se por utilizar a Língua Brasileira de Sinais (Libras) durante sua apresentação, uma estratégia que visava aproximá-la dos eleitores com deficiência auditiva e reforçar seu compromisso com a inclusão. Além disso, Portela sublinhou o fato de ser a única mulher no debate, algo que ela associou à importância de uma representação feminina e progressista na política municipal.
Daniel Coelho (PSD) usou seu tempo inicial para criticar a atual gestão, especialmente em relação à polêmica envolvendo as creches municipais, que são administradas em parcerias público-privadas. Segundo ele, o modelo adotado por João Campos não está funcionando de maneira eficiente, uma crítica que se repetiria ao longo do debate.
O candidato Técio Teles (Novo) focou sua apresentação em se posicionar como o representante do liberalismo e defensor de uma “direita lúcida”, afirmando que sua proposta está baseada na redução da interferência do Estado e na valorização da iniciativa privada.
Já Gilson Machado (PL), ex-presidente da Embratur e ex-ministro do governo Bolsonaro, aproveitou seu tempo para criticar a ausência de mais debates anteriores e afirmou que sua candidatura tinha o objetivo de "libertar o Recife da atual gestão". Machado usou seu histórico de aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro para prometer uma "mudança radical" na segurança pública da cidade, tema que viria a ser central em sua participação no debate.
Por fim, João Campos (PSB) optou por um discurso voltado à continuidade de seu trabalho. Ele ressaltou conquistas de sua gestão e prometeu "fazer muito mais", destacando realizações como programas de educação e mobilidade urbana.
Primeiro Bloco: A Polêmica das Creches e as Críticas à Gestão do Carnaval
A primeira rodada de perguntas foi marcada por embates diretos. Gilson Machado iniciou os questionamentos e direcionou seu ataque a João Campos, focando na questão das creches administradas em parceria com a iniciativa privada. Machado acusou a gestão de não priorizar a educação infantil de forma adequada. Em resposta, João Campos defendeu seu modelo de gestão e apontou que Gilson Machado foi o candidato que mais sofreu sanções por desinformação na campanha de 2024, com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) punindo sua campanha com a perda de 293 inserções de TV e 38 minutos no guia eleitoral.
O debate seguiu com Daniel Coelho e Gilson Machado em uma espécie de "dobradinha" para criticar os gastos da prefeitura em eventos culturais, como o carnaval, e para associar João Campos ao ex-prefeito Geraldo Júlio (PSB), reforçando a narrativa de que o PSB está no poder há 12 anos na capital pernambucana, sem mudanças significativas, segundo os opositores.
Segurança Pública e Educação no Centro das Discussões
No segundo bloco, Daniel Coelho abriu o segmento perguntando novamente a João Campos sobre sua gestão, com críticas que abordavam tanto a infraestrutura quanto a saúde pública. Campos, por sua vez, defendeu seus feitos, como o programa de intercâmbio para estudantes da rede municipal e melhorias na área da educação.
A segurança pública, no entanto, se tornou o ponto alto do debate quando Gilson Machado anunciou que, se eleito, convidaria o general Braga Netto, ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, para ser o secretário de segurança pública do Recife. Além disso, Machado prometeu armar a Guarda Municipal, uma proposta que gerou reações controversas. Técio Teles (Novo) apoiou Machado e sugeriu a criação de uma academia para treinamento da Guarda Municipal, ao mesmo tempo em que acusou a prefeitura de utilizar uma “indústria da multa” como ferramenta de arrecadação, sugerindo que seu governo acabaria com essa prática.
Propostas Sociais: Participação e Redução de Desigualdades
Em contraste com as propostas voltadas para segurança pública e privatizações, Dani Portela usou seu tempo no segundo bloco para falar sobre a importância de políticas públicas participativas e de base social. Portela destacou que, se eleita, suas propostas focariam na redução das desigualdades sociais, com atenção especial para as áreas periféricas e regiões de fronteira do Recife, como seus limites com Olinda, Paulista e Jaboatão dos Guararapes.
A candidata do PSOL também reforçou a necessidade de uma administração que olhe para as populações mais vulneráveis, mencionando problemas estruturais nas comunidades e propondo soluções que envolvem maior presença do poder público nessas áreas.
Saúde e Gestão Pública: Daniel Coelho Propõe Consultas Remotas
Daniel Coelho (PSD) aproveitou sua fala no segundo bloco para explorar sua visão sobre a saúde pública no Recife. Ele criticou a atual burocracia do sistema e sugeriu que, sob sua gestão, as consultas médicas poderiam ser feitas de forma remota, tanto por sistemas de gestão pública quanto em parceria com a iniciativa privada. Essa proposta foi um dos destaques de sua participação e contrastou com as defesas feitas por João Campos sobre o sistema atual.
Debate Intenso e Campanha Decisiva
O debate foi marcado por um embate direto entre os candidatos, com críticas centradas na gestão de João Campos e propostas que variaram desde o aumento da segurança pública até programas voltados à redução de desigualdades e melhorias na educação. A presença de Gilson Machado e suas referências ao governo Bolsonaro, juntamente com as propostas de segurança de Técio Teles, polarizou o debate em torno de temas sensíveis para o eleitorado recifense.
Com as eleições se aproximando, o encontro desta terça-feira promete ser um divisor de águas na campanha municipal de 2024, colocando frente a frente projetos que refletem visões bastante distintas sobre o futuro da capital pernambucana.
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