sábado, 9 de novembro de 2024

A GUERRA PELO PL EM PERNAMBUCO

A disputa entre Gilson Machado Neto e André Ferreira, dois nomes que emergiram como representantes da direita pernambucana, tem ultrapassado os limites da campanha eleitoral e se intensificado nos bastidores da política estadual. Embora ambos se alinhem ao ex-presidente Jair Bolsonaro, suas diferenças pessoais e políticas afloraram após o encerramento do último pleito, onde Machado, ex-ministro do Turismo e candidato à Prefeitura do Recife, sentiu o impacto de uma campanha que ele próprio qualificou como desamparada pelo apoio financeiro do Partido Liberal (PL).

Em entrevista recente, André Ferreira, deputado federal e aliado de Bolsonaro, desencadeou o novo capítulo desse embate ao chamar Gilson de “patético” em um comentário que parecia encapsular um histórico de atritos não resolvidos. A resposta de Gilson Machado não tardou, sendo marcada por uma indignação explícita que delineou o clima de discórdia interna. Ele destacou a incoerência das falas do deputado, classificando a postura de Ferreira como “bipolar” e lembrando elogios que anteriormente recebeu do mesmo, onde fora descrito como figura majoritária do PL. "Agora, ele escolhe atacar e usar palavras que combinam com seu próprio biótipo", disparou Machado, sinalizando que os desentendimentos ganharam contornos pessoais.

No desenrolar do conflito, Machado ainda trouxe à tona um episódio da campanha eleitoral que, segundo ele, expôs a falta de apoio direto à sua candidatura e à de seu filho, Gilson Filho, que, mesmo sem recursos financeiros do partido, alcançou uma expressiva votação e tornou-se o vereador mais votado pelo PL em Pernambuco. O ex-ministro criticou o comportamento de Ferreira, sugerindo que, em vez de investir tempo em críticas, o deputado federal deveria focar em uma postura política mais coerente. Para Gilson, a situação não difere muito da figura da ex-deputada Joice Hasselmann, que perdeu espaço na política ao se desalinhar das pautas de Bolsonaro e não conseguiu sucesso eleitoral após o desgaste com o bolsonarismo.

Outro ponto de discórdia entre os dois recaiu sobre a recente viagem de Machado aos Estados Unidos, onde se encontrou com o ex-presidente Donald Trump, em um evento que considerou importante para as relações da direita brasileira. Ferreira, porém, adotou um tom crítico, o que para Machado revela uma “clara demonstração de inveja” de alguém que, segundo ele, deveria ver com orgulho a aproximação entre representantes do bolsonarismo e o cenário político norte-americano.

Com as eleições de 2026 no horizonte, Machado enfatizou a necessidade de união entre as lideranças da direita em Pernambuco. Para ele, a divisão interna e os ataques à sua atuação prejudicam uma base de apoio que ainda precisa se consolidar em um estado onde o bolsonarismo ainda luta para manter um terreno sólido. Gilson acusou Ferreira de adotar uma postura dúbia, usando a imagem de Bolsonaro conforme a conveniência e associando-se a apoiadores do presidente Lula em situações pontuais, o que ele qualificou como um comportamento que não encontra eco nos conservadores mais fiéis à pauta bolsonarista.

Esse embate entre Machado e Ferreira evidencia as rachaduras e o desgaste interno na direita pernambucana, em um cenário político onde, apesar das vitórias individuais, o caminho à frente exige coesão e, sobretudo, uma redefinição de lealdades e estratégias. A falta de unidade é mais que uma rivalidade entre figuras; ela representa um desafio de sobrevivência e de relevância para a direita no estado, em meio a uma base conservadora que observa atentamente os movimentos desses líderes e exige clareza de propósito.

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