segunda-feira, 25 de novembro de 2024

ALEPE VIRA CAMPO DE BATALHA

Na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a disputa pela primeira secretaria tornou-se um verdadeiro campo de batalha, recheado de estratégias, apoio partidário e cálculos políticos, agora que a eleição antecipada para o biênio 2025/2026 foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A anulação da votação que aconteceria em setembro criou um cenário de incertezas e expectativas em relação aos bastidores do processo eleitoral, uma vez que a nova eleição da Mesa Diretora está marcada para o dia 2 de dezembro. O que se desenha é uma guerra de números que tem mobilizado aliados e opositores em torno do cargo, crucial para a administração do Legislativo estadual. O nome mais forte neste momento é Gustavo Gouveia, do Solidariedade (SD), atual ocupante da função de primeiro-secretário, que já afirmou contar com o apoio de aproximadamente 30 parlamentares para a sua recondução ao cargo. Esse número, contudo, esbarra na realidade da Assembleia, que conta com 49 deputados, e tem gerado questionamentos sobre os cálculos realizados por alguns políticos. 

A candidatura de Gouveia, além de ter o respaldo do Solidariedade, também se beneficia de uma aliança sólida com o PSB, partido que, apesar das tensões internas, se mostra majoritariamente favorável à sua continuidade no cargo. Dos 12 membros do PSB na Alepe, nove se alinharam com Gouveia, oferecendo-lhe uma base forte dentro do plenário. No entanto, uma disputa emergiu com a entrada de Francismar Pontes, ex-integrante do PSB e agora dissidente, que anunciou sua candidatura ao posto. Pontes, apoiado pelo Progressistas (PP), vem fazendo suas articulações nos bastidores e, com a ajuda da sigla, projeta também ter o suporte de 30 votos, igualando-se, na teoria, ao número de Gouveia. Essa competição, porém, levanta dúvidas sobre a viabilidade dos cálculos, já que a soma dos dois grupos ultrapassa os 49 votos disponíveis, o que sugere que algum dos atores está se deixando levar por promessas ou informações excessivamente otimistas. O clima nos bastidores da Alepe é de grande apreensão, com cada parlamentar tentando garantir o máximo de apoio possível para o dia da eleição, que ocorrerá em ambiente secreto, tornando qualquer previsão mais arriscada.

Além disso, a movimentação se torna ainda mais interessante pelo fato de que o PP, partido que apoia a candidatura de Francismar Pontes, também possui representações significativas na Alepe, o que pode alterar o equilíbrio de forças. A presença de nomes como France Hacker e Danilo Godoy, que se aproximam do PP, sugere que o jogo de alianças pode tomar rumos inesperados até o último momento, quando os votos secretos definirem a disputa. Um ponto crucial nesse cenário é a postura do presidente da Alepe, Álvaro Porto, do PSDB, que, até o momento, tem mantido sua posição firme de apoio à reeleição de Gouveia. Porto, que preside a Casa e tem sido um dos principais articuladores desse processo, defende a continuidade de Gouveia na primeira secretaria, uma vez que considera sua gestão eficiente e alinhada com os interesses do Legislativo. Esse apoio se fortaleceu ainda mais com a manifestação de dois deputados do PSDB, Izaías Régis e Débora Almeida, que confirmaram sua adesão à candidatura de Gouveia.

Porém, a eleição não se limita apenas à escolha do primeiro-secretário. A disputa pelo cargo de primeiro-vice-presidente, que foi vencido por Francismar Pontes na eleição anulada, também está em jogo, dado que, com sua candidatura à primeira secretaria, essa posição se torna disponível. A questão da proporcionalidade dos espaços na Mesa Diretora tem sido um tema recorrente nas conversas entre as bancadas, especialmente no PSB, que continua reafirmando seu compromisso com a candidatura de Gouveia, mas também se prepara para discutir as futuras ocupações nas demais funções da Mesa. Sileno Guedes, líder da bancada socialista na Alepe, tem sido claro em afirmar que o partido manterá o apoio a Gouveia, mas que haverá uma conversa com o presidente Álvaro Porto sobre a distribuição dos cargos, principalmente no que tange às vice-presidências e outras comissões importantes. Essa negociação poderá ser um ponto de tensão, pois, enquanto Gouveia tem o apoio da maioria, as disputas internas dentro dos partidos refletem a complexidade do cenário político local.

O clima na Alepe está carregado de expectativas, e os próximos dias até o dia 2 de dezembro prometem ser de intensas negociações nos bastidores. Como a votação será secreta, as surpresas podem surgir a qualquer momento, com parlamentares mudando de posição e novas alianças sendo formadas. A pressão por cargos, a disputa por espaços estratégicos e os cálculos eleitorais fazem desta eleição não apenas uma simples escolha para a Mesa Diretora, mas um reflexo das complexas articulações políticas que moldam o dia a dia da Assembleia Legislativa de Pernambuco. As figuras que emergirem como vencedoras dessa disputa terão não só o controle de funções importantes dentro da Alepe, mas também uma posição estratégica para as futuras movimentações políticas no estado. Assim, enquanto a guerra de números continua a ganhar força, o resultado final da eleição será decidido nos próximos dias, e todos os envolvidos sabem que os bastidores dessa disputa podem ser mais imprevisíveis do que qualquer número publicado nas últimas semanas.

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