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BLOG DO EDNEY
Por Edney Souto
Ruptura no PSOL: Desfiliação de Aliados de Dani Portela Abre Incertezas sobre Permanência da Deputada no Partido
Uma Decisão Marcada por Discordâncias Internas
Jesualdo Campos, um dos fundadores do PSOL e parceiro político e pessoal da deputada estadual Dani Portela, formalizou sua desfiliação do partido nesta quinta-feira, ao lado de outros dois membros do diretório estadual, Anderson Barbosa e Francis Silva. Os três são próximos de Dani Portela e ligados a seu mandato, mas divergências na condução partidária e a falta de diálogo com a direção estadual culminaram na saída do trio. Dani, que recentemente obteve a terceira colocação na disputa pela Prefeitura do Recife, afirmou que continuará no PSOL por enquanto, mas o rompimento de figuras-chave deixa seu futuro incerto. "Vou continuar por aqui e me reunir com o grupo para discutir ações futuras", afirmou a deputada ao Blog, ressaltando que seu mandato vai até 2026.
Um Caminho Natural para o PT?
A possível transição para o PT é vista como um desdobramento lógico para os aliados de Dani Portela. Embora não tenha formalizado a adesão, Jesualdo afirma que essa é uma "opção natural", considerando o histórico de atuação dele e de outros membros com o PT. Se Dani também decidir sair do PSOL, o PT desponta como destino provável, uma vez que a deputada construiu pontes sólidas com lideranças petistas, especialmente com o deputado João Paulo Silva, ex-prefeito do Recife. Durante sua campanha, Dani elogiou publicamente o modelo de governança de João Paulo, a quem atribuiu o título de "maior prefeito que o Recife já teve". Esse reconhecimento, que se destaca por contrastar com o modelo do atual prefeito João Campos, demonstra uma identificação com os ideais petistas e um distanciamento em relação ao atual cenário do PSOL.
A Crise Interna no PSOL e o Estopim do Conflito
A raiz do conflito entre os desfiliados e o diretório estadual do PSOL remonta ao período anterior à campanha eleitoral deste ano. Jesualdo Campos, que atuava como secretário de organização estadual, ao lado de Anderson Barbosa e Francis Silva, discordou abertamente do critério de distribuição de recursos do Fundo Partidário, destinado aos candidatos proporcionais. A decisão do diretório estadual de afastar os três dirigentes do colegiado, um dia antes do início da campanha, aumentou as tensões, mas houve um esforço interno para que o assunto não se tornasse público e prejudicasse a candidatura de Dani e dos outros candidatos do partido. Jesualdo, Anderson e Francis recorreram ao diretório nacional do PSOL, pedindo revisão da decisão de afastamento, mas, sem retorno, decidiram pela desfiliação.
Jesualdo, que relembra o processo de fundação do PSOL em meio a dificuldades e ao lado de seu pai, se disse frustrado com a postura do partido. “Fundamos o PSOL recolhendo assinaturas em um tempo onde a construção de um partido se dava com muito mais dificuldade. Foi um processo de porta em porta, de filiação em filiação", contou ele. Apesar de reconhecer o crescimento da bancada de esquerda do partido, que hoje tem a segunda maior representação na Câmara dos Deputados, Jesualdo desabafou sobre o desgaste interno gerado pela divisão de grupos e considerou a desfiliação a melhor decisão para si e seus aliados.
Samuel Herculano, presidente estadual do PSOL, respondeu à desfiliação por meio de uma nota oficial, onde manifestou estranhamento pela decisão. Segundo Samuel, o PSOL Pernambuco "foi pego de surpresa" e reafirmou o apoio contínuo à deputada Dani Portela, enfatizando que o partido esteve ao lado dela em todas as candidaturas desde 2018. Samuel lembrou que o PSOL apoiou a deputada na disputa pelo governo estadual em 2018, nas eleições municipais de 2020 e, agora, em 2024, com a candidatura à Prefeitura do Recife, além de fornecer estrutura para sua vitória como deputada estadual em 2022. Ele destacou ainda que Dani teve o maior orçamento de campanha da história do PSOL em Pernambuco este ano.
Na nota, Samuel defende que o PSOL é um partido construído a partir de decisões coletivas e que espera o compromisso de seus membros em respeitar o consenso da maioria. Ele afirma que Jesualdo, Anderson e Francis já haviam manifestado insatisfação com algumas decisões antes do início da campanha, chegando a propor a saída dos quadros partidários por desacordo com os rumos do PSOL no estado. No entanto, o presidente garantiu que o partido permaneceu comprometido com a deputada e lamentou o afastamento de figuras de sua base. “Esperamos que os recém-desfiliados encontrem seu caminho político", afirmou Samuel, reafirmando o compromisso do PSOL com a coletividade e a democracia interna.
Possíveis Repercussões para o Futuro de Dani Portela
Nos bastidores do PSOL, a permanência de Dani Portela no partido é vista com ceticismo. Fontes próximas avaliam que, mesmo que não ocorra uma desfiliação imediata, Dani poderia usar a janela partidária de 2026 para migrar para o PT sem perder o mandato. A relação política e pessoal de Dani com Jesualdo Campos é considerada por colegas do partido como um dos fatores determinantes para uma possível mudança. "Se ela não sair agora, deve fazer isso em 2026. Ela e Jesualdo são inseparáveis, politicamente e pessoalmente", afirmou uma fonte próxima ao PSOL que pediu anonimato. Dependendo dos desdobramentos internos, Dani ainda poderia obter uma carta de anuência da direção nacional do PSOL, o que garantiria a mudança para o PT sem risco de perda de mandato, já que ela mantém boas relações com a executiva nacional.
Essa crise interna levanta questionamentos sobre a unidade do PSOL em Pernambuco e sobre os desafios de sua direção estadual em consolidar uma liderança que equilibre as correntes do partido. Apesar do crescimento recente, o PSOL enfrenta dificuldades para alinhar sua estrutura política em um cenário onde as disputas por verbas, estratégias eleitorais e posições ideológicas intensificam as divergências. Dani Portela, que até agora desponta como uma das principais lideranças de esquerda do estado, se vê em meio a uma situação delicada. Seu futuro político, seja no PSOL ou no PT, influenciará diretamente o cenário de oposição progressista no Recife e em Pernambuco.
Impacto na Política Estadual e Projeções para 2026
Se a saída de Dani Portela do PSOL se concretizar, sua migração para o PT pode fortalecer ainda mais a legenda no estado, especialmente com a integração de uma base que a acompanha fielmente. Esse movimento poderia ampliar o campo de alianças da deputada, incorporando pautas de participação popular e políticas sociais que ela defende, potencialmente reformulando o tabuleiro político de Pernambuco até 2026. A permanência ou desfiliação de Dani também impactará a representatividade do PSOL no estado, que vê em figuras como ela uma importante conexão com o eleitorado progressista.
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