O ambiente da Câmara de Vereadores de Serra Talhada, no coração do Sertão do Pajeú, foi palco, na última terça-feira (29), de uma discussão acalorada que trouxe à tona uma questão que reverberou na cidade. Durante a sessão, o vereador Vandinho da Saúde fez uma denúncia pública sobre o uso dos recursos da Secretaria de Educação do município, alegando um gasto que ele considera exorbitante e questionável. A acusação traz um foco peculiar: segundo o vereador, cerca de R$ 160 mil, originários do salário-educação — verba destinada a fortalecer ações de apoio ao desenvolvimento educacional — teriam sido destinados para a aquisição de itens alimentícios básicos, como sal, cominho e colorau, em um mercadinho de Calumbi, uma cidade vizinha.
Movido pela suspeita, Vandinho, ao término da sessão, se debruçou sobre os dados do Portal da Transparência de Serra Talhada e, conforme relatou, descobriu um montante ainda mais expressivo: aproximadamente R$ 2,5 milhões pagos ao mesmo fornecedor. Em um vídeo compartilhado em suas redes sociais, o vereador não mediu palavras para classificar a situação como um absurdo, apelando para a conscientização popular, em especial dos educadores, sobre os gastos municipais. De acordo com Vandinho, tais recursos poderiam e deveriam ser aplicados de maneira que trouxessem benefícios tangíveis para a infraestrutura e o aprimoramento do sistema educacional. Sua fala ganhou eco ao afirmar que "esses são recursos que deveriam estar na sala de aula, melhorando as condições para os professores e estudantes, e não se esvaindo em produtos que não justificam essa magnitude de valor."
Em meio à indignação de Vandinho, o vereador expressou sua intenção de que órgãos de controle examinem o caso, buscando assegurar que os recursos municipais estejam sendo usados com responsabilidade e dentro dos parâmetros legais. O apelo é claro: levar o caso a outras instâncias, na esperança de uma investigação minuciosa que traga luz e transparência ao processo.
A resposta não demorou. O secretário de Educação, Edmar Júnior, veio a público para rebater as acusações, classificando as declarações do vereador como levianas e precipitadas. Segundo ele, as compras mencionadas por Vandinho não se limitam ao sal e colorau. Edmar explicou que a aquisição inclui uma variedade de condimentos, como alho e temperos secos, itens fundamentais para a composição das refeições distribuídas nas escolas. Ainda conforme o secretário, todo o processo licitatório foi conduzido de maneira legal e transparente, tendo como vencedor um fornecedor já regularizado e que, além de temperos, fornece produtos essenciais como gás de cozinha, utilizados no preparo das refeições para a rede de ensino.
Edmar defendeu a lisura do processo licitatório, afirmando que qualquer empresa teve a possibilidade de participar e que não houve qualquer favorecimento. “A licitação é aberta para todos, e a empresa vencedora atende inclusive a outros estados,” salientou, reforçando que não existem irregularidades no processo e que a empresa é qualificada para fornecer os produtos contratados.
A denúncia e a resposta deixam a população entre dúvidas e justificativas, em um contexto onde transparência e responsabilidade na aplicação dos recursos públicos se tornam exigências cada vez mais vocais. As próximas ações do legislativo e do executivo em torno da investigação poderão, enfim, trazer maior clareza sobre um caso que já mobiliza a opinião pública local.
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