O escritório do senador Fernando Dueire, no Recife, foi palco de um encontro carregado de indignação e apelo por justiça. Mães de crianças com microcefalia, acompanhadas dos filhos, buscaram apoio do parlamentar diante do veto presidencial à lei que garantiria pensão especial para essas crianças. A decisão do presidente Lula, que barrou o benefício aprovado pelo Congresso, foi recebida com perplexidade pelo senador, que prometeu empenho na articulação pela derrubada do veto em Brasília.
A secretária da União de Mães de Anjos (UMA), Jaqueline Vieira, esteve presente ao lado de Neuziane Queiroz e Jaciane Nunes, representando as mães de 470 crianças pernambucanas vítimas da síndrome do Zika Vírus que ainda sobrevivem. Elas relataram a revolta generalizada que tomou conta das famílias ao verem frustrada a expectativa de um benefício que traria mais dignidade e segurança para os filhos. Expuseram a trajetória de luta travada há quase uma década, em busca de tratamentos e medicamentos adequados, e criticaram o veto presidencial que impediu a pensão que poderia alcançar o teto do INSS, conforme a gravidade dos casos.
No relato de Jaqueline, ficou evidente a dor e o sentimento de abandono que perpassa as famílias atingidas. Para ela, a responsabilidade pela situação dos filhos recai sobre a negligência das autoridades que falharam no combate ao mosquito transmissor do vírus. Ao longo dos anos, a realidade foi se tornando ainda mais difícil com a falta de assistência contínua e a impossibilidade de oferecer aos filhos um acompanhamento médico condizente com as necessidades severas que a microcefalia impõe. Afirmou que o Estado deveria indenizar as famílias por essa omissão histórica, mas, em vez disso, mantém apenas o Benefício de Prestação Continuada (BPC), correspondente a um salário mínimo sem direito ao 13º.
O senador Fernando Dueire ouviu os relatos com atenção e expressou indignação com a situação. Ressaltou que a justificativa para o veto presidencial não se sustenta, sobretudo porque a pensão especial teria um número restrito de beneficiários, crianças que já enfrentam uma condição extrema. Destacou que se sente envergonhado ao constatar que, após tantos anos de luta, as mães ainda precisam se mobilizar para garantir um direito que deveria ser inquestionável.
A conversa foi permeada pelo compromisso de buscar apoio no Senado para reverter a decisão do Executivo. Dueire, que já havia votado favoravelmente à lei proposta pela senadora Mara Gabrilli, reforçou que seu gabinete em Brasília está à disposição do movimento das mães e que não medirá esforços para a derrubada do veto. O grupo saiu do encontro com a promessa de articulação política em favor da causa, na expectativa de que a mobilização consiga garantir o benefício para as crianças que tanto precisam.
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Faz o L
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