A debandada de trinta filiados do PSOL, todos ligados à deputada estadual Dani Portela, foi um dos capítulos mais significativos da política pernambucana nos últimos meses. O movimento do grupo, que começou com divergências internas, caminha agora para um novo destino político: o Partido dos Trabalhadores. A mudança, embora já prevista por muitos, ganha corpo com sinais cada vez mais evidentes, como as recentes publicações de Jesualdo Campos, esposo da deputada e ex-dirigente estadual do PSOL, ao lado de nomes expressivos do PT, como Liana Cirne, João Paulo e Vivi Farias. O envolvimento de Jesualdo nos bastidores, especialmente em Olinda, demonstra que o trabalho de articulação já está em andamento.
Os atritos que culminaram na desfiliação coletiva vieram à tona entre outubro e novembro do ano passado, quando cartas públicas evidenciaram descontentamentos. Entre as questões levantadas, estava a destituição de Jesualdo e outros dois dirigentes estaduais ligados à Dani, algo que, segundo os ex-filiados, aconteceu sem explicações claras. A saída em massa foi vista como o início de um redesenho político, que parecia inevitável. Durante as eleições de 2020, quando Dani disputou a Prefeitura do Recife, o apoio de alas do PT, incluindo lideranças como João Paulo e Kari Santos, fortaleceu os laços entre a então candidata e a militância petista. Desde então, a relação entre Dani e o PT se aprofundou, tornando-se uma ponte natural para os seus aliados.
Embora a parlamentar tenha negado, à época, qualquer intenção de deixar o PSOL, afirmando ainda acreditar nas propostas do partido, os desdobramentos recentes sugerem uma transição gradual. Por ocupar um mandato, Dani não pode mudar de legenda antes de 2026, quando a janela partidária permitirá tal movimentação. Mesmo assim, a expectativa em torno do destino político de sua base é grande. A filiação de Jesualdo e dos demais ex-psolistas ao PT, aguardada para fevereiro, será um momento decisivo nesse processo.
O silêncio de Dani Portela diante do tema reforça o tom estratégico da movimentação. Enquanto isso, os sinais da aproximação entre o grupo e o PT são cada vez mais nítidos. O trabalho de base em curso, as reuniões públicas e as declarações indiretas mostram que a política, como sempre, segue sendo um campo de movimentos calculados e alianças cuidadosamente costuradas.
Informações do Blog Cenário
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