sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

PM DE PERNAMBUCO CRIA PROTOCOLO PARA PREVENIR VINGANÇA EM CASO DE MORTES DE POLICIAIS

A Polícia Militar de Pernambuco instituiu um Procedimento Operacional Padrão (POP) para nortear a conduta do efetivo em casos de assassinatos de policiais, buscando evitar episódios de vingança ou ações movidas por impulso. Essa medida surge como resposta a acontecimentos trágicos, como a chacina registrada em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, em 2023, quando parentes de um suspeito foram mortos por agentes em uma sequência de ações violentas. O novo protocolo foi desenvolvido em parceria com o Ministério Público, destacando a preocupação com a preservação da ordem e do Estado Democrático de Direito.

O caso de Camaragibe deixou marcas profundas no imaginário coletivo e na credibilidade das forças de segurança. Na ocasião, o vigilante Alex da Silva Barbosa, acusado de matar dois policiais militares durante uma troca de tiros, foi alvo de uma caçada violenta que resultou não apenas em sua morte, mas também na de três irmãos, da mãe e da esposa. Conversas extraídas de grupos de WhatsApp revelaram mensagens de celebração entre os policiais envolvidos, gerando indignação pública e uma resposta firme das autoridades. Atualmente, 12 policiais militares enfrentam acusações por triplo homicídio qualificado, enquanto as investigações sobre os assassinatos da mãe e da esposa de Alex continuam em andamento.

O promotor Francisco Ortêncio de Carvalho, que coordena o Centro de Apoio Operacional de Defesa Social e Controle Externo da Atividade Policial, pontuou que a ausência de diretrizes claras contribuiu para ações descontroladas. Ele destacou que o novo POP busca justamente corrigir essa lacuna, garantindo que, em casos de morte de policiais, a resposta seja institucional e não fruto de motivações pessoais. Segundo o promotor, o protocolo foi elaborado com a participação de quatro coronéis da Polícia Militar e membros do Ministério Público, simbolizando um esforço conjunto para estabelecer padrões de conduta que resguardem tanto a segurança pública quanto os direitos fundamentais.

As diretrizes do POP introduzem uma nova dinâmica nas operações, exigindo maior controle e supervisão das ações policiais em situações de alta tensão. A medida reflete um compromisso com a prevenção de tragédias como a de Camaragibe e o aprimoramento da relação entre as forças de segurança e a sociedade. A necessidade de mudança, segundo especialistas, se tornou evidente diante das consequências devastadoras de respostas movidas por vingança, que ferem os princípios básicos de justiça e ordem pública.

A implementação desse protocolo representa um marco no esforço para alinhar a atuação da Polícia Militar aos preceitos democráticos e legais, reforçando a importância do comando e da supervisão em operações críticas. É também um reconhecimento da necessidade de reparar a confiança da população nas instituições de segurança, especialmente em momentos em que a violência ultrapassa os limites aceitáveis e desafia a própria ideia de justiça. As regras estabelecidas pelo POP pretendem consolidar um novo paradigma, no qual o equilíbrio e a responsabilidade sejam pilares da atuação policial, mesmo diante das situações mais adversas.

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