quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

COM QUASE 100 ANOS, EX-FUNCIONÁRIO DO GRUPO JOÃO SANTOS ENFRENTA PENHORA DE BENS DE SUA RESIDÊNCIA

Com quase 100 anos, ex-funcionário do Grupo João Santos enfrenta penhora de bens de sua residência
Juiz da 2ª Vara do Trabalho de Jaboatão dos Guararapes determinou a penhora para garantir execução de quase R$ 400 mil
Chegar aos 100 anos com saúde, tranquilidade e dignidade é o que qualquer pessoa deseja. No entanto, para Francisco de Jesus Penha, a proximidade do centenário tem sido marcada por uma batalha judicial que ameaça tudo isso. No último dia 14 de fevereiro, o juiz Pedro Henrique Barreto Menezes, da 2ª Vara do Trabalho de Jaboatão dos Guararapes, expediu um mandado determinando a penhora de bens da residência do aposentado para garantir a execução de quase R$ 400 mil.

Francisco, que completa 100 anos no próximo dia 4 de março, trabalhou por mais de três décadas no Grupo João Santos, onde ocupou o cargo de diretor. Desde 2018, ele luta para ser excluído dos processos acumulados pelo grupo empresarial, que entrou em recuperação judicial em 2022. Após pedir demissão em 2015, ele não recebeu as verbas rescisórias a que tinha direito. Em 2021, Francisco foi alvo da Operação Background, da Polícia Federal, que investigava o Grupo João Santos por dívida tributária de R$ 8,6 bilhões e lavagem de dinheiro. No entanto, em janeiro de 2024, a Justiça Federal retirou seu nome do rol de investigados, atestando sua inocência no âmbito criminal.

O aposentado lamenta a decisão judicial e afirma que nunca teve qualquer poder de decisão dentro do Grupo João Santos. "Passei a vida toda trabalhando, nunca tive poder de decisão na empresa, apenas cumpria minhas funções. Quando pedi demissão, achei que receberia o que era meu por direito, mas até hoje não vi nada", afirma. "E agora, depois de tanto tempo, querem cobrar como se a responsabilidade fosse minha? É um absurdo. Sempre fui um homem honesto e, perto de completar 100 anos, sou tratado como se fosse responsável pelos problemas da empresa. Isso não é justo."

A advogada de Francisco, Maria Eduarda Matos, que também é sua afilhada, afirmou que recorrerá da decisão e destacou a indignação diante da situação. "Vamos recorrer dessa decisão. Francisco está sendo penalizado por algo que nunca foi responsabilidade dele", diz a advogada. 

A advogada Maria Eduarda Matos destaca, ainda, que o aposentado já foi excluído de mais de 100 processos trabalhistas em todo o país, inclusive de quatro que foram analisados pela juíza titular da 2ª vara do Trabalho de Jaboatão dos Guararapes. “A Justiça Federal já reconheceu sua inocência na esfera criminal no início de 2024, e agora ele está sendo julgado como se tivesse sido um dos responsáveis pela crise da empresa. Isso nos causa uma indignação muito grande, porque se trata de um homem idoso, que sequer recebeu as verbas indenizatórias a que tinha direito. O mínimo que esperamos é que a Justiça tenha sensibilidade para rever essa decisão e não cometa mais essa injustiça", diz.

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