A política de Pesqueira está mais uma vez mergulhada em um turbilhão de incertezas, com a possibilidade de uma nova eleição suplementar ganhando força após a denúncia formalizada pelo ex-candidato a prefeito, Rossine Blesmany Santos Cordeiro. A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), assinada pelo advogado Dr. Geraldo Júnior, levanta graves acusações contra Marcos Luidson de Araújo, conhecido como Cacique Marcos, que atualmente ocupa o cargo de prefeito do município, e sua vice-prefeita, Cilene Martins de Lima. O ex-prefeito Sebastião Leite da Silva Neto, o “Bal de Mimoso”, também figura como um dos investigados. A denúncia aponta abuso de poder político e econômico durante a campanha eleitoral de 2024, tendo como principal argumento a execução de obras públicas em período eleitoral com o suposto objetivo de influenciar a decisão dos eleitores.
O ponto central da acusação recai sobre um episódio ocorrido em 29 de setembro de 2024, quando, durante um comício, Marcos Luidson teria prometido aos moradores da comunidade de Baixa Grande a realização de obras de pavimentação asfáltica. O projeto, amplamente divulgado nos dias seguintes, foi bem recebido pela população, especialmente por se tratar de uma das regiões com maior carência de infraestrutura urbana em Pesqueira. O impacto da promessa foi imediato, repercutindo entre os eleitores e tornando-se um dos temas mais comentados na reta final da campanha. Cinco dias após o discurso do prefeito, em 5 de outubro, véspera do pleito, máquinas e operários foram vistos iniciando a pavimentação no local. No entanto, as obras foram interrompidas logo após a eleição e, até o momento, permanecem inacabadas, levantando suspeitas de que teriam sido utilizadas como um instrumento de captação ilícita de votos.
A diferença entre o número de votos que garantiu a vitória de Cacique Marcos e a quantidade obtida pelo Delegado Rossine foi de apenas 882 votos, uma margem considerada apertada para um município do porte de Pesqueira. Diante desse cenário, a oposição argumenta que a realização da obra às vésperas da eleição pode ter sido determinante para o resultado final, desequilibrando a disputa de forma indevida. A denúncia aponta que o uso da máquina pública nesse contexto configura abuso de poder, prática vedada pela legislação eleitoral e passível de punições severas, que podem incluir a cassação dos diplomas do prefeito e da vice-prefeita, a inelegibilidade por até oito anos e, em última instância, a convocação de uma nova eleição no município.
O clima de tensão política em Pesqueira tem se acirrado desde que a denúncia veio à tona. Entre os apoiadores do prefeito, a defesa é de que a obra estava prevista dentro do planejamento municipal e que a sua execução nada teve a ver com interesses eleitorais. Já para os adversários, há uma clara tentativa de manipulação da vontade popular por meio da aplicação de recursos públicos para obter vantagem na disputa. O processo ainda se encontra em fase inicial e pode se arrastar por meses, dependendo das instâncias a que será submetido. Caso a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) seja desfavorável a Marcos Luidson, os investigados ainda poderão recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), prolongando o desfecho do caso.
O Delegado Rossine, que encabeça a denúncia, não tem poupado palavras ao afirmar que Pesqueira terá que voltar às urnas em breve. Em uma reunião com apoiadores realizada no sábado, 8 de fevereiro, em uma escola da rede privada da cidade, ele demonstrou confiança de que a decisão judicial resultará na anulação do pleito de 2024 e na convocação de uma nova eleição suplementar até dezembro deste ano. Durante o encontro, afirmou que o julgamento da ação deve ocorrer em março, mas que o processo pode se estender até o fim do ano devido ao trâmite judicial. Suas palavras foram recebidas com aplausos entusiasmados pela militância presente.
Na mesma ocasião, Rossine também fez uma projeção sobre a possível disputa em uma eventual nova eleição, indicando que o principal adversário seria Guilherme Araújo, conhecido como Guila, atual presidente da Câmara de Vereadores e nome cotado para representar o grupo político de Cacique Marcos em uma nova corrida eleitoral. A antecipação do cenário político evidencia o quanto a incerteza em torno da situação tem movimentado as articulações locais, com especulações sobre alianças e candidaturas antes mesmo de qualquer decisão oficial da Justiça Eleitoral.
Enquanto isso, a cidade segue dividida entre os que acreditam na legitimidade do atual governo e os que defendem uma reavaliação do resultado eleitoral. O caso ganhou grande repercussão em Pesqueira e nos bastidores políticos do estado, sendo acompanhado de perto pelos eleitores e lideranças regionais. O futuro político do município permanece indefinido, dependendo do andamento do processo e do posicionamento das instâncias judiciais competentes.É isso!
Um comentário:
Parabéns,Edney, pela matéria Jornalística...
Postar um comentário