A primeira semana de Hugo Motta (Republicanos-PB) na presidência da Câmara dos Deputados trouxe novos contornos para o cenário político em Brasília. Com uma postura que atraiu a oposição e gerou sinais de desgaste na base do governo Lula, o sucessor de Arthur Lira (PP-AL) já demonstra qual será a dinâmica da Casa sob sua liderança. A movimentação mais notável veio com a articulação em torno do projeto do deputado Bibo Nunes (PL-RS), que busca reduzir de oito para dois anos o período de inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa.
O texto apresentado por Bibo Nunes vem sendo tratado como peça-chave para os planos da oposição, que enxerga na medida uma possibilidade concreta de viabilizar a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência em 2026. A avaliação é de que, caso a mudança seja aprovada ainda este ano, o ex-presidente poderia recuperar seus direitos políticos a tempo de concorrer na próxima eleição. Com isso, o tema ganha força nos bastidores e já conta com o interesse de lideranças do Centrão, que podem ser fundamentais para o avanço da proposta.
Bibo Nunes destaca que a receptividade ao projeto tem sido positiva entre parlamentares de diferentes partidos, e vê na nova presidência da Câmara um ambiente mais favorável para o debate. A sinalização de Hugo Motta, segundo ele, abre caminho para que a proposta seja discutida e votada ainda em 2025, tornando viável sua aplicação já no próximo ciclo eleitoral. O apoio do Centrão, inclusive, tem sido considerado estratégico, pois a base do governo já demonstra incômodo com os primeiros movimentos do novo presidente da Casa.
A questão, no entanto, não é unânime nem mesmo dentro do Partido Liberal. Parte dos parlamentares da legenda avalia que a mudança no prazo de inelegibilidade pode acabar beneficiando não apenas políticos que se consideram perseguidos, mas também aqueles envolvidos em casos de corrupção. Diante desse dilema, há quem defenda que a melhor solução seria uma anistia específica para Bolsonaro, o que evitaria um enfraquecimento generalizado da Lei da Ficha Limpa.
O debate promete se intensificar nos próximos meses, com a oposição buscando consolidar o apoio necessário para avançar com o projeto e o governo avaliando como reagir diante da nova conjuntura na Câmara. Enquanto isso, a presidência de Hugo Motta segue sendo observada de perto por todos os lados do espectro político, com expectativas e incertezas sobre os rumos que a Casa tomará sob seu comando.
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