O Supremo Tribunal Federal (STF) terá um esquema de segurança reforçado para o julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado. A sessão, marcada para a próxima terça-feira (25), será conduzida pela Primeira Turma da Corte e analisará a participação do chamado “núcleo 1”, grupo composto por Bolsonaro e nomes como Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira, general Augusto Heleno e Walter Braga Netto. A expectativa é que o julgamento atraia grande atenção pública, exigindo medidas preventivas para garantir a ordem e a segurança nos arredores da sede do tribunal em Brasília.
A Secretaria de Polícia Judicial confirmou a adoção de protocolos rigorosos em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e outros órgãos parceiros. Entre as ações estão um controle mais rígido de acesso, monitoramento constante do ambiente, reforço no policiamento e a presença de equipes de pronta resposta para eventuais emergências. O objetivo é garantir a normalidade da sessão, proteger servidores, advogados, jornalistas e demais presentes no tribunal. A mobilização da segurança também se dá em função da sensibilidade do caso, que envolve figuras centrais do governo anterior e acusações que podem resultar em graves consequências jurídicas para os envolvidos.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu denúncia contra Bolsonaro e os demais integrantes do grupo por crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Além disso, as acusações incluem dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com prejuízo considerável, além da deterioração de patrimônio tombado e concurso material. Segundo a PGR, há evidências de um plano para subverter a ordem democrática e impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2022.
O julgamento caberá aos ministros Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia, que compõem a Primeira Turma do STF. A Corte tem sido um dos principais alvos de críticas por parte dos aliados do ex-presidente, que alegam perseguição política. Nos bastidores, a defesa de Bolsonaro sustenta que não há elementos suficientes para a abertura de uma ação penal contra ele, argumentando que as investigações se baseiam em suposições e declarações de delatores. O ex-presidente já foi alvo de outras investigações, mas essa é a primeira vez que ele pode se tornar réu por uma tentativa de ruptura institucional.
O caso ganhou novo fôlego após a apreensão de mensagens trocadas entre Mauro Cid e outros membros do núcleo político e militar próximo a Bolsonaro, indicando que havia discussões sobre medidas extremas para evitar a alternância de poder. A delação de Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, é considerada peça-chave para a sustentação da denúncia apresentada pela PGR. As investigações também apontam o envolvimento de oficiais das Forças Armadas e ex-ministros da Justiça e Defesa na articulação de estratégias para deslegitimar o resultado eleitoral e mobilizar setores militares em apoio a um possível golpe.
Com a proximidade do julgamento, cresce a expectativa sobre como os ministros do STF irão avaliar as provas reunidas até o momento. Caso a denúncia seja aceita, os acusados se tornarão réus e o processo seguirá para a fase de instrução, onde novas provas poderão ser apresentadas e testemunhas ouvidas antes de uma sentença definitiva. A sessão de terça-feira pode representar um novo capítulo no desdobramento das investigações que atingem Bolsonaro e seus aliados mais próximos, em um momento em que o cenário político nacional segue polarizado.
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