Barragem de Jucazinho entra em pré-colapso e preocupa a Compesa
Com apenas 3,47% da capacidade, sistema reduz abastecimento e afeta 11 cidades; obras emergenciais estão em andamento
A grave escassez de chuvas na bacia hidrográfica que alimenta a Barragem de Jucazinho, localizada em Surubim, está colocando em risco o abastecimento de água em 11 municípios do Agreste de Pernambuco. Com apenas 3,47% da sua capacidade total de armazenamento, o manancial entrou em estado de pré-colapso, o que mobilizou a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) para a adoção de medidas emergenciais.
O Sistema Jucazinho, responsável pelo fornecimento de água às cidades de Surubim, Salgadinho, Casinhas, Frei Miguelinho, Santa Maria do Cambucá, Vertentes, Vertente do Lério, Toritama, Cumaru, Passira e Riacho das Almas, além de reforçar o abastecimento de Bezerros e Gravatá, opera hoje com apenas 150 litros por segundo (l/s) no Tramo Norte. Em condições normais, o sistema atinge uma vazão de 970 l/s, considerando os Tramos Norte e Sul. Ou seja, está funcionando com apenas 15% de sua capacidade.
A situação se agravou nos últimos dias devido à necessidade de intervenções emergenciais para a exploração da reserva técnica do manancial e à substituição de uma comporta danificada. Segundo técnicos da Compesa, o problema foi identificado durante o deslocamento do ponto de captação da barragem, quando se constatou que a comporta — submersa por anos e em estado avançado de obsolescência — desmontou, inviabilizando sua operação.
A substituição do equipamento já está em curso e deve ser concluída até o fim deste mês. A troca da comporta é essencial para o melhor aproveitamento da água restante no reservatório. Como parte das ações, a Compesa também instalou duas balsas flutuantes e está implantando uma nova tomada de água, que será ancorada na parede da barragem. As tubulações serão interligadas às balsas, em uma operação considerada tecnicamente complexa. Contudo, os equipamentos ainda não estão em funcionamento justamente por conta dos danos na comporta.
A expectativa da companhia é que, com a conclusão das intervenções, a vazão possa ser ampliada para 400 l/s, o que permitiria a normalização do calendário de abastecimento nas cidades afetadas — desde que o reservatório volte a acumular água no próximo período chuvoso.
Bezerros enfrenta situação crítica; Caruaru deixa de depender de Jucazinho
Entre os municípios atendidos por Jucazinho, Bezerros vive uma das situações mais críticas. A cidade depende também da Barragem de Brejão, que se encontra com apenas 6,88% de sua capacidade. A redução na oferta de água tem obrigado moradores a conviver com um rodízio que chega a 14 dias sem abastecimento em algumas áreas. A reversão desse cenário depende da recuperação dos níveis de água em Jucazinho.
Caruaru, que até pouco tempo também era abastecida pelo sistema, foi desconectada após a conclusão de uma obra emergencial que interligou a Adutora do Agreste à Adutora de Jucazinho. Agora, o município recebe 400 l/s da Transposição do Rio São Francisco. A retirada de Caruaru da malha de atendimento de Jucazinho ajudará a Compesa a preservar o fornecimento para os demais municípios.
Em Gravatá, a dependência da barragem é mínima — apenas 3% da população é atendida por água de Jucazinho. O restante do município recebe água dos Sistemas Amaraji, Brejinho, Vertentes e Clipper, que respondem por 97% da produção, e o calendário de abastecimento segue regular.
A Compesa reforça que segue monitorando a situação e executando todas as ações possíveis para manter o abastecimento das populações afetadas, enquanto aguarda a chegada das chuvas para recuperação dos reservatórios.
Com informações da Compesa
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