Em uma ação que movimentou as forças de segurança da Região Metropolitana do Recife, a Polícia Civil de Pernambuco prendeu, nesta terça-feira (22), o motorista suspeito de atropelar dois militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante a realização da Marcha da Reforma Agrária, ocorrida no dia 15 de abril. O episódio, que causou forte comoção entre lideranças sociais e integrantes do movimento, aconteceu no bairro dos Torrões, na Zona Oeste da capital pernambucana, quando centenas de manifestantes percorriam as ruas em defesa da redistribuição de terras e de políticas públicas para o campo.
O momento do atropelamento foi descrito por testemunhas como repentino e brutal. Segundo os relatos, o motorista ignorou a movimentação na via e avançou com o veículo contra os militantes. Gideone Sidônio, de 67 anos, um dos atingidos, foi lançado ao chão com violência e socorrido às pressas ao Hospital da Restauração. Desde então, ele permanece internado em estado grave, tendo passado por cirurgia de urgência devido aos ferimentos extensos causados pelo impacto. O outro manifestante, que também foi atingido, sofreu escoriações mais leves e recebeu alta médica após atendimento.
O motorista não prestou socorro às vítimas e abandonou o local logo após o atropelamento, atitude que agravou ainda mais a situação e contribuiu para a mobilização da Delegacia de Polícia do bairro. A investigação foi conduzida em ritmo acelerado, com apoio de imagens de câmeras da região e relatos de testemunhas que auxiliaram na identificação do veículo. A PCPE conseguiu localizar o suspeito menos de uma semana após o crime, na cidade de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana, onde ele residia. A prisão foi efetuada por agentes que atuam no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), unidade envolvida na apuração em virtude da gravidade das lesões sofridas por uma das vítimas.
Durante a operação, os investigadores também apreenderam o veículo utilizado no atropelamento, que será submetido à perícia técnica com o objetivo de confirmar vestígios do acidente e reforçar os elementos de prova que embasam o inquérito. A polícia trabalha com a hipótese de que houve dolo eventual, ou seja, quando o agente assume o risco de produzir o resultado, o que pode qualificar o crime como tentativa de homicídio. O caso ainda será encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco, que deverá analisar o conjunto das provas e decidir sobre a denúncia formal.
O movimento social informou que, no momento do atropelamento, os militantes marchavam de forma pacífica, sem bloqueio total da via, o que, segundo eles, reforça o caráter violento e intencional da ação do motorista. Familiares de Gideone e representantes do MST acompanharam o desdobramento do caso com apreensão, exigindo justiça e punição exemplar ao autor do crime. A repercussão do caso também provocou manifestações de solidariedade por parte de entidades da sociedade civil e parlamentares, que têm denunciado o aumento da violência contra movimentos populares.
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