A possibilidade de a Seleção Brasileira estrear uma camisa vermelha como segundo uniforme na Copa do Mundo de 2026, conforme revelado pelo site especializado Footy Headlines, gerou uma avalanche de reações nas redes sociais e alimentou um debate que ultrapassa os limites do futebol. A notícia de que a tradicional Nike pode ser substituída pela marca Jordan na confecção dos uniformes e de que a nova camisa estaria disponível ao público a partir de março do ano do Mundial, agendado para os Estados Unidos, México e Canadá, acendeu alertas principalmente em meio ao cenário político polarizado do Brasil. O tom vermelho da camisa foi imediatamente associado, por setores mais conservadores, ao Partido dos Trabalhadores (PT), inflamando críticas de que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estaria promovendo uma ação com viés político em um ano eleitoral, quando as tensões ideológicas tendem a se acirrar.
Um dos críticos mais vocais foi o senador Cleitinho (Republicanos-MG), que classificou a possível adoção da nova camisa como “politicagem escancarada” e afirmou que pedirá a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o que considerou uma tentativa de apropriação simbólica do uniforme nacional. As declarações do senador encontraram eco em outros representantes da direita, que veem na mudança de cor um rompimento inaceitável com a simbologia tradicional da seleção brasileira, marcada historicamente pelo amarelo, azul e branco. No entanto, a reação imediata também encontrou forte resistência. Simpatizantes da esquerda ironizaram a comoção gerada pela cor do uniforme e acusaram os opositores de criarem uma polêmica artificial. Muitos internautas destacaram que, para além de possíveis leituras políticas, a iniciativa da Jordan pode estar unicamente atrelada a estratégias de marketing, voltadas para o lançamento de uma peça limitada, estilizada e voltada para um novo público consumidor global.
Embora inédita em competições modernas, a presença da cor vermelha nos uniformes da seleção não é um completo rompimento com o passado. Em 1917, durante o Campeonato Sul-Americano, o Brasil precisou jogar com camisas vermelhas emprestadas do time uruguaio devido à falta de uniformes brancos, padrão da equipe à época. Um episódio semelhante ocorreu em 1937, quando os jogadores brasileiros vestiram camisas de times argentinos para entrar em campo. Esses momentos históricos foram lembrados por jornalistas e pesquisadores como exemplos de que a cor vermelha já esteve presente, ainda que por necessidade, no repertório visual da seleção. A CBF, por sua vez, ainda não confirmou oficialmente a nova camisa, mas o estatuto da entidade permite modelos comemorativos em cores que não correspondam necessariamente às da bandeira da confederação, desde que haja aprovação da diretoria. Ainda assim, a expectativa é de que qualquer mudança nas cores tradicionais seja tratada com cautela, principalmente diante da sensibilidade crescente que envolve os símbolos nacionais. A simples possibilidade de alteração já revelou o poder que o futebol exerce como reflexo e agente do imaginário político e cultural do país.
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