A articulação teve como pano de fundo não apenas o número de votos, mas a conveniência estratégica de unir forças com vistas às eleições municipais de 2024 e, sobretudo, ao pleito estadual e nacional de 2026. Pela legislação eleitoral, as federações partidárias funcionam como se fossem um só partido, obrigando os integrantes a atuarem em bloco por no mínimo quatro anos. Isso significa que Eduardo da Fonte e Miguel Coelho, que vinham trilhando caminhos políticos paralelos e, por vezes, até concorrentes, agora precisam compartilhar palanques, decisões e interesses. A aliança, nesse sentido, pode tanto potencializar os projetos políticos de ambos quanto provocar disputas internas sobre quem terá prioridade em futuras candidaturas majoritárias.
A consolidação da União Progressista amplia o poder político de Eduardo da Fonte, que já controlava o PP em Pernambuco com mão firme e agora passa a ter ascendência também sobre os quadros do União Brasil. A federação nacional surge como a maior do país em número de representantes: são 109 deputados federais, 13 senadores, seis governadores e mais de mil prefeitos sob uma única coordenação política. Esse peso institucional reverbera diretamente nos estados, especialmente em Pernambuco, onde a união das bancadas poderá resultar em uma atuação mais coesa na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. Para a governadora Raquel Lyra, o novo arranjo é bem-vindo. O PP é um de seus principais aliados, e com o União Brasil junto ao projeto, sua base de sustentação tende a crescer.
Miguel Coelho, que há pouco mais de um ano deixou a Prefeitura de Petrolina após duas gestões bem avaliadas, vinha tentando se firmar como liderança estadual. Foi candidato ao governo em 2022 e mantém vivo o projeto de ascensão ao Senado ou ao Executivo estadual. Com a vice-presidência da federação, garante um assento à mesa das decisões mais importantes da política pernambucana, mesmo sem mandato. Já Eduardo da Fonte, experiente e hábil nos bastidores, transforma a federação em uma plataforma de poder ainda mais ampla, que pode garantir musculatura para voos maiores em 2026 ou fortalecer sua influência como o principal fiador de alianças no estado. O entendimento entre as siglas também reduz o espaço para disputas internas na oposição à governadora, criando um núcleo mais coeso e estruturado que pode tanto apoiar quanto pressionar o Executivo estadual, dependendo do rumo das negociações políticas.
O movimento confirma uma tendência nacional de reagrupamento partidário diante das cláusulas de barreira e da necessidade de sobrevivência política. Em Pernambuco, ele ganha contornos particulares ao reunir duas forças eleitorais significativas em regiões distintas: o PP com forte presença na Região Metropolitana e Zona da Mata, e o União Brasil com influência consolidada no Sertão, sobretudo em Petrolina e entorno. A convergência dessas forças sob o mesmo guarda-chuva transforma a federação em um ator central na definição das candidaturas e coligações dos próximos ciclos eleitorais. A União Progressista nasce, portanto, não apenas como uma fusão burocrática, mas como uma engrenagem de poder em pleno funcionamento, capaz de moldar os rumos da política pernambucana nos anos que virão.
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