CLIMA QUENTE EM VERDEJANTE, PREFEITO CHICÃO, ANUNCIA ROMPIMENTO COM PRESIDENTE DA CÂMARA EDILÂNIO

O cenário político de Verdejante, município do Sertão pernambucano, atravessa um de seus momentos mais turbulentos dos últimos anos, com a confirmação de uma ruptura pública entre o prefeito Xicão Tavares (PSB) e dois dos principais aliados de sua base na Câmara Municipal: o presidente da Casa Legislativa, Edilânio Carvalho, e o vereador Felipe do Angico Torto. O anúncio foi feito de forma direta e sem rodeios nas redes sociais do gestor municipal, durante a Quinta-feira Santa, uma data tradicionalmente marcada por gestos de conciliação e espiritualidade no calendário cristão, o que tornou a declaração ainda mais impactante e inesperada entre os integrantes do grupo político que sustenta a atual gestão.

A declaração de rompimento não foi acompanhada de justificativas detalhadas por parte do prefeito, o que gerou ainda mais especulações sobre os bastidores da crise. Fontes próximas ao governo indicam que havia, nos últimos meses, um desgaste progressivo na relação entre os vereadores e o Executivo, motivado por divergências sobre a condução administrativa e o espaço de participação política dentro da estrutura de poder. A ausência de diálogo direto e a crescente autonomia dos parlamentares parecem ter gerado incômodos no núcleo mais próximo do prefeito, culminando no corte definitivo das relações.

Na segunda-feira seguinte ao feriado prolongado, Edilânio Carvalho rompeu o silêncio e divulgou uma nota pública endereçada à população de Verdejante. No texto, o presidente da Câmara rebateu a narrativa do rompimento como uma decisão conjunta e deixou claro que a separação partiu exclusivamente do chefe do Executivo. “O rompimento não é meu, é dele”, escreveu Edilânio, pontuando que continua comprometido com o trabalho em favor da cidade e de seus moradores. A declaração foi interpretada como uma tentativa de preservar sua imagem perante o eleitorado e reafirmar sua atuação como um político que busca manter a independência e o diálogo, mesmo diante das tensões internas.

Mais do que uma reação institucional, a nota também trouxe um recado político contundente. Edilânio destacou que “sempre foi leal, mas nunca submisso”, uma frase que rapidamente repercutiu nas redes sociais e nos grupos de mensagens locais como um símbolo de insatisfação com uma possível tentativa de centralização do poder por parte do prefeito. O uso do termo “submissão” sugere que o rompimento pode ter sido precipitado por episódios em que o vereador se recusou a atender determinações que considerava desrespeitosas à autonomia do Legislativo.

O vereador Felipe do Angico Torto, que também foi citado no anúncio de Xicão Tavares, preferiu não se pronunciar oficialmente até o momento, mas tem sido visto em eventos públicos com posturas mais reservadas em relação ao governo municipal. Aliados próximos indicam que ele compartilha dos mesmos incômodos relatados por Edilânio, especialmente no que diz respeito à condução centralizadora das decisões administrativas e à falta de diálogo com os membros do Legislativo. O episódio revela um claro reposicionamento interno e levanta dúvidas sobre os rumos da base de apoio do prefeito, especialmente a poucos meses do período eleitoral, quando articulações e lealdades tendem a ser testadas com maior intensidade.

A ruptura sinaliza um reposicionamento de forças no cenário político local e marca o início de uma nova etapa na relação entre os Poderes em Verdejante, com potencial para alterar a configuração eleitoral nas próximas disputas.