Ao mesmo tempo, o pedido do Executivo para contrair um empréstimo bilionário junto a instituições financeiras esbarra na mesma barreira: a ausência de consenso político e de um cronograma definido para votação. O valor de R$ 1,5 bilhão é considerado essencial para destravar obras de infraestrutura, programas sociais e investimentos estratégicos que a gestão Raquel Lyra pretende executar ainda este ano. No entanto, sem a tramitação do projeto, as ações planejadas correm o risco de não saírem do papel. Parlamentares ouvidos sob reserva afirmam que a demora não é apenas técnica, mas política. A interlocução entre os dois poderes estaria fragilizada, com deputados reclamando de pouca abertura para o diálogo e de falhas na comunicação institucional. Em paralelo, há um movimento velado dentro da Alepe que vê na retenção dessas pautas uma forma de aumentar o poder de barganha do Legislativo diante do Executivo. A presidência da Assembleia, por sua vez, tem evitado posicionamentos públicos mais duros, mas nos bastidores reconhece o desgaste no relacionamento com o governo. Enquanto isso, cresce a pressão de diversos setores da sociedade civil e do próprio trade turístico por uma solução célere para a situação em Noronha, onde a vacância no cargo de administrador já começa a impactar decisões operacionais e a governança do território insular.
Da mesma forma, prefeitos de municípios do interior aguardam com expectativa a aprovação do empréstimo, que poderá resultar em repasses e investimentos nos territórios que enfrentam dificuldades fiscais. A morosidade nas deliberações também tem levantado questionamentos sobre o ritmo da Alepe neste segundo semestre e sobre as prioridades do Legislativo num momento de retomada econômica e de definições políticas que antecedem o calendário eleitoral de 2026. Nos corredores da Casa Joaquim Nabuco, há quem defenda uma reaproximação institucional imediata, com encontros entre lideranças partidárias, membros do governo e deputados estratégicos, para reverter o clima de desconfiança. Por ora, o impasse segue como uma demonstração do delicado equilíbrio entre os poderes em Pernambuco, onde as disputas por espaço, influência e decisões orçamentárias ganham contornos cada vez mais complexos.
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