quarta-feira, 23 de abril de 2025

COM PARTIDOS DA BASE NA DISPUTA, RAQUEL ADOTA POSTURA NEUTRA EM GOIANA

Em meio ao acirramento da disputa eleitoral no município de Goiana, Zona da Mata Norte de Pernambuco, a governadora Raquel Lyra (PSD) adotou uma postura que surpreendeu aliados e observadores da cena política local. Durante evento oficial realizado na manhã desta segunda-feira (22), no Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo do Estado, a chefe do Executivo estadual foi questionada sobre seu envolvimento nas eleições municipais goianenses. A resposta, embora cuidadosa, deixou transparecer que ela não deve subir em nenhum dos palanques adversários, mesmo que os principais postulantes ao cargo de prefeito integrem sua base aliada.

A corrida eleitoral em Goiana é marcada por uma disputa entre dois partidos que compõem a aliança que sustenta o governo Raquel Lyra em Pernambuco: o Avante e o Progressistas (PP). De um lado, o atual prefeito interino Eduardo Batista tenta se firmar como opção definitiva no Executivo municipal. Do outro, Marcílio Régio busca consolidar sua candidatura com o respaldo do PP e o reforço de apoios de peso, como o do prefeito do Recife, João Campos (PSB), que já confirmou presença em ato político ao lado do pré-candidato. A entrada de João Campos no cenário elevou as expectativas sobre o posicionamento da governadora, uma vez que a presença do gestor recifense pode significar uma tentativa de ampliação da influência do PSB em regiões estratégicas do Estado.

Apesar do cenário promissor para uma interferência direta, Raquel Lyra preferiu demonstrar distanciamento do embate local, indicando que seu foco permanece na condução do governo estadual. Em suas palavras, "a gente está cuidando aqui do nosso governo. Deixa a campanha da cidade para um outro momento". Com essa declaração, a governadora tentou despolitizar sua ausência, ao mesmo tempo em que se manteve alinhada ao discurso institucional de governar para todos os pernambucanos, inclusive os goianenses, independentemente do resultado eleitoral. A frase, no entanto, foi interpretada por muitos como uma forma de evitar o desgaste de tomar partido em uma disputa que pode dividir sua base e comprometer alianças importantes em outras frentes do Estado.

A neutralidade pública de Raquel Lyra em Goiana contrasta com a expectativa de lideranças locais que esperavam um envolvimento mais direto da governadora no processo eleitoral. Em um município estratégico para a economia do Estado, com presença de grandes indústrias e influência sobre a Zona da Mata Norte, a definição de quem comandará o Executivo local a partir de 2025 pode impactar diretamente as relações institucionais com o Palácio. Ao optar por se ausentar da linha de frente, Raquel Lyra parece sinalizar que manter a unidade da base governista em nível estadual é mais prioritário do que arriscar interferências em disputas regionais sensíveis. Ainda assim, nos bastidores, aliados dos dois lados continuam tentando garantir que, ao menos nos gestos e nas ações indiretas, possam contar com a simpatia da governadora.

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