sábado, 5 de abril de 2025

DEBANDADA EM MASSA REDUZ PSDB PERNAMBUCANO A PÓ

O PSDB de Pernambuco atravessa a maior crise de sua história recente, após uma debandada em massa que esvaziou completamente seus quadros no interior do estado. Todos os 32 prefeitos eleitos pela legenda nas eleições de 2024 deixaram o partido em reação a uma intervenção determinada pela Executiva Nacional tucana. A decisão do comando nacional foi de afastar o diretório estadual da base da governadora Raquel Lyra, que atualmente está filiada ao PSD. O movimento pegou de surpresa lideranças locais, especialmente porque muitos dos gestores municipais haviam sido eleitos com o suporte direto do PSDB e com vultosos recursos do fundo eleitoral da sigla. A reação foi imediata e coordenada: prefeitos, vice-prefeitos e lideranças começaram a protocolar suas desfiliações, alegando insatisfação com o rompimento institucional promovido de cima para baixo e sem diálogo com as bases.

A vice-governadora Priscila Krause também anunciou sua saída do partido, pouco tempo depois de ter se filiado à legenda. Ela deve acompanhar Raquel Lyra no PSD, consolidando a aproximação entre as duas principais lideranças femininas do Executivo estadual. A própria governadora, que fez carreira no PSDB, também se elegeu pelo partido em 2022 antes de mudar de legenda no início de 2024, movimento que já indicava a instabilidade interna do tucanato pernambucano. Com a migração de prefeitos, vereadores e quadros importantes, o partido praticamente desaparece do mapa político do estado, apesar de ter sido o mais bem-sucedido em número de prefeituras no último pleito municipal.

Em nota oficial, a Executiva Nacional do PSDB não poupou críticas aos dissidentes, classificando a debandada como um "ato de extrema deslealdade" por parte de filiados que teriam se beneficiado amplamente das estruturas partidárias e dos recursos financeiros disponibilizados. A cúpula tucana nomeou o deputado estadual Álvaro Porto, atual presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), como interventor do diretório estadual. A escolha causou ainda mais ruído entre os ex-filiados, já que Porto é aliado político do prefeito do Recife, João Campos (PSB), adversário declarado da governadora Raquel Lyra e do grupo que deixou o partido. O gesto foi interpretado como um alinhamento político estratégico da direção nacional com forças contrárias ao atual governo estadual.

A crise no PSDB pernambucano também atinge sua bancada parlamentar. Os deputados estaduais Izaías Régis e Débora Almeida ainda estão formalmente na legenda, mas já indicaram que deixarão o partido assim que a janela de filiações permitir. Ambos estão em conversas avançadas com o PSD, legenda que vem se consolidando como o novo abrigo político do grupo de Raquel Lyra. A expectativa é de que centenas de vereadores também sigam o mesmo caminho, o que pode gerar um redesenho do mapa político das câmaras municipais em todo o estado. O colapso tucano em Pernambuco abre uma lacuna na oposição estadual e fortalece o campo de influência do PSD, que avança para se tornar o maior partido em número de prefeitos e vereadores em 2025. Enquanto isso, o PSDB tenta reorganizar seus escombros em meio ao vazio de representatividade que ficou após o esvaziamento completo de seus quadros.

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