segunda-feira, 28 de abril de 2025

"ELE PARTICIPA DA SADADEZA" " E NÃO QUER LARGAR O OSSO" DIZ EMPRESÁRIO DIZ PESQUEIRA SOBRE PREFEITO AFASTADO DE PESQUEIRA EM SUPOSTO ESQUEMA DE CORRUPÇÃO

''Ele participa da safadeza'', diz mensagem de empresário sobre prefeito de Pesqueira em suposto esquema de corrupção
Ao todo, 13 pessoas respondem à denúncia por organização criminosa, fraudes em licitação e lavagem de dinheiro
Uma mensagem de um empresário de Pesqueira, no Agreste, é citada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para incriminar o prefeito Cacique Marcos Xukuru (Republicanos) em um suposto esquema de corrupção que teria desviado R$ 15,7 milhões do município. Ao todo, 13 pessoas respondem à denúncia por organização criminosa, fraudes em licitação e lavagem de dinheiro.

De acordo com o MPPE, a conversa é travada entre os irmãos Janaína e José Janailson Cavalcanti, que seriam favorecidos pelo direcionamento de concorrências e também figuram como réus no processo. “Ele [Cacique Marcos Xukuru] é conivente com a safadeza. Ele participa da safadeza, entendeu?”, diz trecho da mensagem atribuída ao empresário. “Ele diz que não quer saber disso mais, que não sei o quê, e não quer largar o osso”.
 
Na ocasião, os irmãos demonstravam insatisfação com o prefeito porque outros servidores públicos, que atuavam como intermediários, estariam cobrando propina extra, segundo a investigação. Os dois também estariam sendo preteridos por outros empresários no suposto esquema. A denúncia foi aceita no Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) na sexta-feira (25). 

“Na verdade, eles sabem que o dinheiro não vem todo para o bolso. Sabem perfeitamente, mas querem comer, entendeu? Eles sabem que se ajeitar uma licitação pra você, pra mim, eles não vão comer, não vai, que eu não vou dar dinheiro a Adilson, não vou dar dinheiro a essa menina aí, não vou dar dinheiro a esse povo”, diz Janailson, na sequência.

Fraudes

Segundo a investigação, as licitações em Pesqueira eram direcionadas para retribuir o apoio financeiro – de cerca de R$ 2 milhões – recebido durante a campanha eleitoral de 2020. Foram identificadas ao menos 15 concorrências com suspeita de fraude entre janeiro de 2021 e setembro de 2022.

Alvo da Operação Pactum Amicis, deflagrada pela Polícia Civil, Cacique Marcos chegou a ser afastado da Prefeitura no início deste mês. Na ocasião, ele alegou inocência e disse ser vítima de perseguição política.

Também respondem à acusação os vereadores Jucenildo José Simplício Freira, conhecido como Sil Xukuru (PT), e José Maria Alves Pereira Júnior, o Pastinha Xukuru (PP), que é ex-presidente da Câmara Municipal de Pesqueira, além de funcionários públicos e outros empresários

Na denúncia, o MPPE aponta Cacique Marcos como o suposto líder do esquema. De acordo com a promotoria, ele também teria recebido indevidamente R$ 77 mil, em transações bancárias, e até uma Hilux, para uso pessoal. Os pagamentos fracionados serviriam para dissimular as propinas e lavar dinheiro, segundo a promotoria.

O grupo seria organizado em dois núcleos. Formado por integrantes da Prefeitura, o núcleo “Público” seria responsável por direcionar concorrências, fornecer informações privilegiadas e aprovar pagamentos indevidos. Já o “Privado”, composto por empresários, pagavam propinas e participavam da lavagem dos valores obtidos.

Além do prefeito e dos vereadores, os outros  réus acusados de participar do primeiro núcleo são Adailton Suesley Cintra Silva Taumaturgo, então secretário municipal de Infraestrutura; Francisco Alves do Nascimento, engenheiro responsável por fiscalizar os contratos, e Adilson Ferreira, que foi presidente de Comissões Permanentes de Licitação entre 2021 e 2022.

Já a lista de empresários inclui Paulo Antônio Paezinho de Araújo, da MGA Construtora Ltda, e José Washington Marques Cavalcanti, apontado como o verdadeiro proprietário da DLG Construtora Ltda, registrada no nome de familiares.

Os outros réus são Rozelli Cícera de Souza, Jaelson dos Santos Júnior e José Djailson Lopes da Silva. Esse último, que é 1º Tenente da Polícia Militar de Pernambuco, também responde à investigação na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS). 

Em nota, a defesa do prefeito informou que ainda não foi comunicado oficialmente das acusações, mas confia que restará comprovada sua inocência, reafirmando sua plena confiança no Poder Judiciário de Pernambuco. A Câmara Municipal também foi procurada, mas não deu retorno. A defesa dos demais citados não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestação

Diário de Pernambuco 

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