Em um movimento que pode redesenhar o cenário político nacional nos próximos anos, o União Brasil e o Progressistas (PP) oficializaram nesta terça-feira (29) a criação de uma federação partidária, batizada de União Progressista. A nova aliança nasce com a maior bancada da Câmara dos Deputados, acumulando 182 deputados federais, e o maior número de prefeitos em exercício no país, com aproximadamente 1.400 prefeitos — cerca de 25% do total de prefeitos em todo o Brasil —, o que torna a federação uma das maiores potências políticas do país. Além disso, a União Progressista se torna uma das maiores beneficiárias da divisão dos recursos públicos destinados à atividade política, como o fundo partidário e o fundo eleitoral. A articulação entre as duas siglas, que já vinham mantendo uma relação estreita nos bastidores de Brasília, foi selada após meses de conversas e disputas internas, e a expectativa é que a federação esteja formalmente registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o final deste ano, entrando em vigor já nas eleições de 2026.
O modelo de federação partidária foi introduzido na legislação eleitoral como uma alternativa às coligações tradicionais, extintas para as eleições proporcionais. Diferente das coligações, as federações obrigam os partidos a manterem a aliança por um período mínimo de quatro anos, atuando de forma unificada no Congresso Nacional, nas assembleias legislativas, câmaras municipais e também nas campanhas eleitorais. Apesar de preservarem suas identidades jurídicas e estruturas administrativas, os partidos federados devem seguir orientações conjuntas e apresentar coerência programática e de votação. Caso uma das siglas decida romper o acordo antes do prazo, as consequências podem ser severas: perda dos repasses do fundo eleitoral e do fundo partidário, além da proibição de integrar outra federação ou coligação no ciclo seguinte.
A União Progressista será comandada inicialmente por uma presidência compartilhada, sem hierarquia formal entre os líderes. O comando estará nas mãos de Antonio de Rueda, presidente nacional do União Brasil, e do senador Ciro Nogueira, principal dirigente do PP. A condução colegiada foi uma solução política para harmonizar as forças internas de cada legenda, especialmente considerando as origens distintas do União Brasil, que nasceu da fusão entre o DEM, tradicional sigla conservadora ligada ao ex-prefeito de Salvador ACM Neto, e o PSL, legenda pela qual Jair Bolsonaro foi eleito presidente em 2018. Já o PP, liderado por Ciro Nogueira, ex-ministro-chefe da Casa Civil durante o governo Bolsonaro, conta com um histórico de pragmatismo e forte presença nos municípios, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
Atualmente, apenas três federações partidárias estão registradas no TSE: a Federação Brasil da Esperança (composta por PT, PCdoB e PV), a Federação PSOL-Rede e a Federação PSDB-Cidadania, esta última em processo de dissolução, com término previsto apenas em 2026, respeitando o período mínimo exigido por lei. A criação da União Progressista chega, portanto, como um novo ponto de inflexão na política brasileira, elevando o patamar de influência dessas legendas e pressionando outras siglas a buscarem também alianças duradouras para sobreviver à cláusula de barreira e à fragmentação do sistema partidário. Líderes de outras agremiações já acompanham de perto a consolidação da federação e seus possíveis desdobramentos, principalmente diante da expectativa de que a aliança se torne um bloco central decisivo nas eleições presidenciais, estaduais e municipais de 2026, com um peso político e financeiro sem precedentes desde a redemocratização.
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