segunda-feira, 14 de abril de 2025

GOIANA TEM UMA DAS MAIORES ECONOMIAS DE PERNAMBUCO E UMA DAS PIORES EDUCAÇÃO DO ESTADO

Apesar de ostentar uma das maiores arrecadações entre os municípios pernambucanos e ocupar a posição de quarta maior economia do estado, Goiana enfrenta um cenário alarmante quando o assunto é educação básica. Dados mais recentes do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) revelam que a cidade está entre os piores desempenhos educacionais de Pernambuco. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, Goiana alcançou apenas 4,4 pontos, enquanto a média estadual foi de 5,27, posicionando o município no 93º lugar entre os 184 avaliados. Nos anos finais, a nota despenca ainda mais, atingindo apenas 4 pontos, em um retrato claro de estagnação e negligência. O contraste entre os recursos financeiros disponíveis e os indicadores educacionais é gritante. Com mais de meio bilhão de reais em caixa, Goiana figura como o município com maior arrecadação da Mata Norte, impulsionado, sobretudo, pela presença de grandes indústrias como a Stellantis. No entanto, a pujança econômica não tem se refletido em políticas públicas eficazes voltadas à educação de base. Durante a gestão do prefeito Eduardo Honório, as escolas municipais enfrentaram um visível abandono, com estrutura precária, falta de investimentos em tecnologia, bibliotecas, formação continuada de professores e ausência de programas de reforço escolar sistemáticos. O impacto disso nos alunos é devastador. Cerca de 83% dos estudantes da rede municipal apresentam defasagens graves em língua portuguesa, com dificuldades de leitura, interpretação e escrita. Em matemática, o quadro é ainda mais crítico: 94% dos estudantes não atingiram os níveis mínimos esperados para a etapa de ensino em que se encontram, o que demanda intervenções urgentes e estruturadas. O reflexo dessa situação vai além das salas de aula e compromete o futuro de toda uma geração. Jovens que concluem o ensino fundamental sem as competências essenciais enfrentam obstáculos quase intransponíveis no Ensino Médio, no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, posteriormente, no acesso ao ensino superior e ao mercado de trabalho. A disparidade entre a educação oferecida e as exigências do setor produtivo local é evidente. Em Goiana, onde está localizada uma das maiores plantas industriais da Stellantis no Brasil, a maior parte das vagas de emprego é ocupada por profissionais vindos de outras cidades ou estados, mais bem qualificados e tecnicamente preparados. Enquanto isso, os jovens goianenses, egresso da rede pública municipal, enfrentam uma dura realidade de exclusão. A falta de visão estratégica da gestão municipal em relação à educação compromete o desenvolvimento humano e social da cidade. A ausência de um projeto pedagógico consistente, somada à negligência com a valorização dos educadores e à falta de acompanhamento pedagógico dos alunos, tem perpetuado um ciclo de fracasso escolar. Goiana, que reúne todas as condições econômicas para liderar exemplos de transformação educacional em Pernambuco, acaba se tornando o retrato de uma oportunidade desperdiçada. O município vive uma contradição profunda: é financeiramente rico, mas socialmente empobrecido pela má condução de sua política educacional.

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