A morte precoce de Maria Jaqueline Leite Cintra, uma jovem de apenas 16 anos, tem gerado comoção e revolta na cidade de São Bento do Una, no Agreste de Pernambuco, após ela não resistir às complicações ocorridas dias depois de dar à luz seu primeiro filho. O parto ocorreu no Hospital Regional Dom Moura, em Garanhuns, no último dia 7 de abril, quando Maria Jaqueline realizou um parto normal, segundo a unidade hospitalar, sem intercorrências clínicas aparentes. Contudo, desde o momento da alta médica, concedida no dia seguinte, ela passou a apresentar sintomas como febre persistente e dores intensas, que, segundo familiares, foram desconsiderados pelos profissionais que a atenderam. Conforme relato de sua irmã, Jaine Cintra, a equipe médica teria atribuído os sintomas a fatores emocionais, afirmando que a febre era causada por ansiedade e pelo abalo natural do puerpério, não sendo, naquele momento, solicitado nenhum exame mais detalhado.
De volta à sua casa, Maria Jaqueline permaneceu debilitada. As dores não cessaram e a febre continuou a preocupar a família, que, no sábado seguinte ao parto, decidiu levá-la novamente a uma unidade de saúde. No primeiro atendimento, a suspeita foi de infecção urinária, o que levou à prescrição de medicamentos e retorno para casa. No entanto, o quadro clínico da jovem piorou. No domingo, ao retornar ao hospital de São Bento do Una, um novo exame realizado por outro médico levantou a suspeita de que restos de parto poderiam ter permanecido no útero, causando uma infecção mais grave. A altura do útero observada durante o exame físico e os sinais evidentes de infecção levaram à imediata transferência de Maria Jaqueline para o Hospital Maternidade Regional Jesus Nazareno (FUSAM), em Caruaru. Lá, os profissionais constataram o agravamento do quadro clínico e a jovem foi encaminhada ao Hospital Mestre Vitalino, referência em atendimentos de alta complexidade na região.
Apesar dos esforços da equipe médica da unidade para estabilizar a paciente, Maria Jaqueline não resistiu e faleceu na manhã da segunda-feira, dia 14 de abril. A adolescente deixou um filho recém-nascido e uma família mergulhada na dor e na busca por justiça. Em nota oficial, o Hospital Regional Dom Moura, local do parto, declarou que a jovem esteve sob cuidados de uma equipe multiprofissional, com registros regulares de evolução clínica e sem alterações relevantes durante a internação. A instituição afirmou que a paciente recebeu alta após avaliação médica e que foi orientada a seguir com o acompanhamento ambulatorial. A nota destacou ainda que o hospital lamenta o ocorrido e se colocou à disposição da família para prestar os esclarecimentos necessários.
A Polícia Civil de Pernambuco confirmou que registrou a ocorrência como “morte a esclarecer” e que as investigações estão em andamento para apurar as circunstâncias do falecimento. Até o momento, a causa oficial da morte não consta na certidão de óbito da jovem, e novos laudos médicos ainda são aguardados. A ausência de diagnóstico preciso e a sequência de atendimentos com interpretações divergentes têm levantado questionamentos da comunidade e dos familiares, que cobram mais rigor no atendimento às puérperas e maior atenção aos sinais clínicos pós-parto.
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