NA LUPA 🔎
BLOG DO EDNEY
Por Edney Souto
DEPUTADA GLEIDE ÂNGELO LIGA SINAL DE ALERTA EM RELAÇÃO AO PSB
A deputada estadual Gleide Ângelo (PSB) voltou ao centro das atenções da política pernambucana após acender, de forma pública, um sinal de alerta em relação ao seu próprio partido, o PSB. Delegada de polícia com histórico marcante no combate à criminalidade, Gleide surpreendeu Pernambuco nas eleições de 2018 ao se eleger deputada estadual com expressivos 412.636 votos, tornando-se a mais votada da história do estado. À época, foi celebrada como fenômeno eleitoral e esperança de renovação política. No entanto, nos bastidores, sua ascensão rápida incomodou lideranças tradicionais do PSB, e o tratamento dado à parlamentar nos anos seguintes alimenta, agora, um clima de tensão e afastamento quase irreversível. Vamos dar uma passada aqui NA LUPA de hoje.
GRANDE VERDADE - A relação entre Gleide e o PSB, segundo fontes da Assembleia Legislativa, sempre foi marcada por um equilíbrio delicado. De um lado, Gleide carregava um capital político inquestionável, com presença forte nas redes sociais, popularidade nas periferias e apoio maciço das mulheres e das forças de segurança. Do outro, o PSB – já consolidado no poder após longos anos de domínio no executivo estadual – via na delegada uma figura difícil de controlar e com potencial majoritário que poderia, futuramente, ameaçar os planos do grupo hegemônico do partido.
TRAVA PARA DIMINUIR A FORÇA - Os primeiros sinais de desgaste vieram logo após a vitória de 2018. Gleide, mesmo sendo a deputada mais votada do estado, teve dificuldades em ocupar espaços de destaque no governo socialista. Não assumiu nenhum papel estratégico, tampouco teve influência direta em decisões importantes. Nos bastidores, a narrativa que se impôs era a de que a cúpula do PSB teria deliberadamente freado sua projeção para que ela não se tornasse uma “ameaça interna” ao projeto de poder do partido.
JOGARAM O JOGO - Em 2020, cogitou-se sua candidatura à Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, segundo maior colégio eleitoral do estado. A proposta, segundo aliados próximos, teria sido uma armadilha do partido para colocá-la em um cenário eleitoral desfavorável e, com isso, enfraquecer sua trajetória política. Gleide recusou. Ainda assim, a relação seguiu estremecida. Em 2022, o reflexo da falta de apoio veio nas urnas: Gleide viu sua votação despencar para 118 mil votos — uma perda de quase 300 mil votos em comparação à eleição anterior.
SEGURAR NO FINAL - Parlamentares ouvidos reservadamente afirmam que a deputada foi tratada como corpo estranho no partido nos últimos anos. “Era uma estrela que incomodava, então começaram a apagar o brilho”, comentou um deputado estadual do PSB, em condição de anonimato. A tentativa de mantê-la no partido durante a janela de 2022 foi marcada por uma movimentação desesperada de última hora: ofereceram-lhe o comando da Secretaria da Mulher. “Mas já era tarde”, completou a fonte.
ANALISANDO- Agora, prestes a encarar sua terceira eleição, pessoas ligadas a Gleide Ângelo admitem que enfrentará dificuldades. A base que a elegeu em 2018 está fragmentada, e o partido que a acolheu parece não mais ter interesse em sustentá-la. Ainda filiada ao PSB, ela avalia os próximos passos com cautela, mas o sinal de alerta já foi ligado. Internamente, cogita-se sua saída para um novo projeto político, possivelmente em siglas que oferecem mais liberdade e estrutura. O União Brasil, PP e até o PSD estariam entre os partidos dispostos a abrir espaço para a deputada.
DE OLHO - A deputada, por sua vez, evita declarações contundentes contra o PSB, mas tem adotado um discurso cada vez mais crítico em relação à postura de certos setores da legenda. “A política precisa ser feita com lealdade, mas também com respeito à vontade popular. Ninguém apaga uma história construída com trabalho”, disse em discurso recente na Alepe, sinalizando que possivelmente não aceitará mais ser figura decorativa em um partido que, em outras palavras, “virou as costas para a base que o sustentava”.
NOVOS CAMINHOS- A possível saída de Gleide do PSB é vista com preocupação dentro do partido. Sua eventual filiação a uma legenda adversária pode mexer com o tabuleiro eleitoral de 2026, especialmente se decidir disputar cargos majoritários. Embora ainda não haja confirmação de novos planos, aliados próximos não descartam um projeto ousado, como uma candidatura a Câmara Federal ou mesmo ao Senado no próximo ciclo. Embora tenha demonstrado intenção de permanecer na Assembleia Legislativa de Pernambuco, tudo pode acontecer.
GLEIDE ÂNGELO É UM SÍMBOLO - Para muitos analistas, a trajetória de Gleide Ângelo ilustra um dilema clássico da política partidária: o medo das lideranças em permitir o crescimento de nomes populares fora de seus círculos de controle. E, neste caso, o preço pode ser alto. Se Gleide decidir romper com o PSB, o partido poderá ver escapar uma das poucas figuras com forte apelo popular em tempos de descrédito generalizado da classe política. Com ou sem o PSB, Gleide Ângelo mostra que ainda tem lenha para queimar. O jogo está longe de terminar — e a delegada, que aprendeu a lidar com o submundo do crime, parece também saber navegar nos labirintos da política. É isso aí.
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