sábado, 26 de abril de 2025

Na Lupa, Sábado, 26/04/2024, Blog do Edney

NA LUPA 🔎 
BLOG DO EDNEY 

Por Edney Souto

LULA, MICHAEL TEMER E COLLOR E AGORA BOLSONARO ESTÁ NA FILA DA PRISÃO 
A história política do Brasil, marcada por momentos de glória e de vergonha, assiste a mais uma página de profundo impacto. A prisão de Fernando Collor, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer — todos ex-presidentes da República — revela um padrão preocupante e reforça a expectativa quase inevitável: Jair Bolsonaro também poderá ser condenado em breve e preso. Vamos dar uma passada aqui NA LUPA deste sábado. 
O PLANALTO NA CADEIA - Cada um dos casos é individual, com méritos jurídicos e circunstâncias distintas. No entanto, o que une Collor, Lula, Temer e agora Bolsonaro é o sinal alarmante de uma falha estrutural: algo está errado quando a chefia máxima da Nação, por quatro vezes, vê seus representantes sendo levados ao cárcere.
LULA - Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro desta série. Condenado na operação Lava Jato, passou 580 dias na sede da Polícia Federal em Curitiba, num episódio que dividiu o país e expôs as vísceras da política nacional. De maneira inédita, Lula deu a volta por cima, teve suas condenações anuladas e voltou à Presidência em 2023, num dos mais surpreendentes capítulos da história recente.
TEMER - Michel Temer, vice de Dilma Rousseff e seu sucessor após o impeachment, também provou o gosto amargo da prisão. Acusado de liderar um esquema de corrupção, chegou a ser detido, ainda que por um curto período. Apesar de ter conseguido liminares que o libertaram, o episódio reforçou a percepção de que, no Brasil, nem mesmo o topo do poder escapa da Justiça.
FERNANDO COLLOR - Agora, é Fernando Collor quem ocupa o banco dos réus. Primeiro presidente eleito por voto direto após a ditadura militar, Collor renunciou em meio a denúncias de corrupção nos anos 1990. Mais de três décadas depois, em 2023, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sua detenção em Alagoas, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, simboliza o ciclo que teima em se repetir.
BOLSONARO - Diante desse histórico, a situação de Jair Messias Bolsonaro torna-se ainda mais emblemática. O ex-presidente foi, de forma inédita, notificado da Ação Penal movida contra ele enquanto se encontrava internado na UTI, após uma cirurgia delicada. A notificação não foi adiada nem por seu estado de saúde, um claro sinal de que o Supremo Tribunal Federal pretende dar celeridade ao julgamento. A imprensa nacional internacional já decanta como quase certa a futura condenação de Bolsonaro. Pesam contra ele acusações que vão de incitação ao golpe de Estado a crimes contra a saúde pública e atentado à democracia. A série de investigações e processos, inclusive, reforça a ideia de que sua prisão será uma questão de tempo, mais do que de hipótese.
MUDAR O SISTEMA - Esses episódios, somados, desenham uma realidade desconcertante: o cargo de Presidente da República no Brasil se tornou, paradoxalmente, uma ante-sala da Justiça Penal. Valores, ética e o senso de moralidade parecem ter se deteriorado a ponto de afetar a própria espinha dorsal da democracia. O Brasil, com sua jovem e fragilizada democracia, revela ao mundo a dificuldade de construir uma liderança política sólida e ética. A recorrência de presidentes envolvidos em escândalos e condenados não pode ser tratada como algo normal. Quando a regra vira exceção e a exceção vira regra, o sistema precisa urgentemente de revisão.
A HISTÓRIA TAMBÉM JULGARÁ  - É claro que o julgamento de cada líder deve ser feito à luz da lei, respeitando o devido processo legal. Mas o fato de tantos ocupantes do cargo máximo da República terem seus nomes atrelados à corrupção diz muito sobre o país. O Brasil não é para amadores. Aqui, governar é navegar num mar revolto, onde a ética e a moralidade, infelizmente, nem sempre são a bússola principal. A história, um dia, julgará com o distanciamento necessário esses episódios. Talvez, futuras gerações leiam nos livros que, em uma era de profunda crise de valores, quatro presidentes brasileiros — Collor, Lula, Temer e Bolsonaro — foram tragados pelos próprios erros, pela sede de poder e pela incapacidade de respeitar o sagrado compromisso que assumiram com o povo. Enquanto isso, o Brasil segue. E com ele, a esperança de que, um dia, o respeito à ética e à democracia deixe de ser exceção para se tornar a regra. É isso aí.

Nenhum comentário: