A morte do papa Francisco provocou reações emocionadas e reflexivas em todo o mundo, e em Pernambuco não foi diferente. Entre os líderes da Igreja Católica no estado, o impacto foi profundo, marcado por lembranças, homenagens e a valorização de seu legado. O atual arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson, destacou a importância do pontífice para a Igreja e para a humanidade, lembrando que Francisco se destacou como um verdadeiro profeta do nosso tempo. Com uma trajetória marcada pelo compromisso com os mais pobres e vulneráveis, o papa argentino não apenas falou sobre justiça social — ele a viveu e a praticou com gestos concretos. Para Dom Paulo, os ensinamentos de Francisco permanecem como diretrizes fundamentais para os próximos passos da Igreja. Ele enfatizou que o papa foi um defensor intransigente dos mais necessitados e que sempre procurou se posicionar diante das grandes questões da atualidade, como as migrações forçadas, a busca pela paz em tempos de guerra e a preservação da ecologia em um mundo cada vez mais ameaçado pelas mudanças climáticas. Além do olhar voltado ao mundo, o pontífice também mergulhou nos desafios internos da instituição, com coragem e transparência. Dom Paulo relembrou o esforço contínuo de Francisco para lidar com os problemas da própria Igreja, demonstrando espírito reformador e uma fé inabalável.
Entre aqueles que conviveram mais de perto com o pontífice, mesmo que brevemente, a saudade também se mistura com admiração. Dom Fernando Saburido, arcebispo emérito de Olinda e Recife, recordou um episódio que, para ele, revela a dimensão humana e solidária do papa. Em 2022, quando Pernambuco enfrentou uma das piores enchentes de sua história recente, com dezenas de mortes e milhares de desabrigados, Francisco não ficou indiferente. Sem nunca ter pisado em solo pernambucano, o papa enviou, por meio do Vaticano, uma doação significativa em dinheiro para ajudar na reconstrução de casas destruídas pelas chuvas, especialmente em comunidades pobres. A atitude foi recebida com grande emoção pelos bispos locais, como um gesto de carinho e atenção que ultrapassava as fronteiras geográficas. Dom Fernando, que visitou o papa Francisco no Vaticano, ainda guarda viva a memória do encontro, descrevendo-o como alguém de fala mansa, sorriso acolhedor e um olhar que transmitia paz. A sua simplicidade, aliada à firmeza nos posicionamentos, conquistou o respeito de religiosos e fiéis em todo o mundo. Em Pernambuco, o seu nome está associado à compaixão e à solidariedade. A sua partida deixa um vazio, mas também uma responsabilidade: a de continuar a missão de construir uma Igreja mais próxima dos pobres, engajada com os desafios do presente e fiel aos valores do Evangelho.
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