Desde que trocou o PSDB pelo PSD, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, vem redesenhando com precisão estratégica o tabuleiro político do estado. A mudança partidária, inicialmente vista como um movimento calculado, tornou-se a peça-chave de uma articulação mais ampla voltada para garantir estabilidade administrativa, capilaridade nos municípios e robustez eleitoral. O discurso da governadora — sustentado por pilares como responsabilidade fiscal, investimentos estruturadores e valorização do diálogo institucional — tem servido como ponto de convergência para prefeitos e lideranças regionais que buscam segurança política, repasses regulares e interlocução direta com o Palácio do Campo das Princesas.
Essa reconfiguração vem se materializando de forma visível. Prefeitos de todas as regiões do estado têm migrado para o PSD, acompanhando a liderança de Raquel e formando uma base política cada vez mais homogênea em torno de seu projeto de governo. O avanço é especialmente significativo em municípios do Agreste e Sertão, onde a governadora tem mantido uma agenda constante de entregas e escuta. Esses prefeitos, muitos deles reeleitos ou em busca de consolidar suas sucessões, enxergam em Raquel não apenas a governadora, mas uma liderança em ascensão com poder de articulação nacional, especialmente com a presença de Gilberto Kassab, presidente da sigla e figura estratégica em Brasília. A escolha pelo PSD, portanto, não foi apenas simbólica: ela estruturou uma ponte entre os interesses locais e os centros de decisão política e financeira do país.
Aos poucos, a gestora tem sedimentado uma base que transcende alianças tradicionais. A capacidade de unir prefeitos de diferentes matizes ideológicas em torno de metas comuns — como a melhoria da infraestrutura, educação de qualidade, segurança hídrica e desenvolvimento regional — revela um estilo de governar que combina pragmatismo político com foco técnico. Em reuniões, audiências públicas e inaugurações, Raquel Lyra tem feito questão de dividir o protagonismo com os prefeitos, reforçando a ideia de que as conquistas da gestão são frutos de parcerias institucionais, e não imposições hierárquicas. Esse modelo colaborativo tem surtido efeitos práticos, não apenas no fortalecimento da imagem da governadora, mas também na eficiência das ações do governo estadual em territórios historicamente negligenciados.
O fortalecimento do PSD em Pernambuco, por sua vez, é um reflexo direto dessa atuação. A sigla, que por anos teve presença discreta no estado, hoje figura entre as mais expressivas, abrigando gestores municipais, parlamentares e figuras em ascensão no cenário político. Raquel Lyra, ao atrair quadros com densidade eleitoral e influência local, consolida uma estrutura partidária que serve de sustentação ao seu governo, mas que também se apresenta como um projeto político de longo prazo. As movimentações recentes sinalizam que a governadora está posicionando o partido não apenas para as eleições municipais de 2024, mas também para os embates estaduais e nacionais que se desenham no horizonte.
Por trás das filiações e anúncios formais, há um movimento silencioso e bem-orquestrado de ocupação de espaços estratégicos. Prefeituras que antes orbitavam em torno de outras lideranças agora aderem ao projeto de Raquel, enxergando nele uma oportunidade de garantir obras, investimentos e visibilidade. Em paralelo, deputados estaduais e federais próximos à governadora também têm contribuído para esse alinhamento, construindo pontes com lideranças locais e consolidando o PSD como um canal legítimo de representação regional. Essa rede, embora recente, tem demonstrado grande capacidade de articulação, sobretudo por apresentar resultados concretos e manter uma linha de diálogo aberta com os diferentes setores da sociedade.
Ao caminhar pelo estado, Raquel Lyra reafirma seu compromisso com um modelo de gestão técnica, mas não descolado da realidade política. A migração para o PSD foi o primeiro passo de uma reconfiguração que vai além da sigla: trata-se da construção de um núcleo de poder que atua em sintonia com os anseios da população e com os desafios que o estado enfrenta, ampliando não apenas a governabilidade, mas também o capital político necessário para enfrentar os próximos desafios do seu mandato.
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