Ao lado dessas capelas, que simbolizam sua devoção particular e sua constante busca pela presença de Deus nos gestos mais simples, será depositado o corpo do pontífice, envolto apenas pelo caixão de madeira clara e com um terço entre as mãos. A cerimônia de sepultamento será restrita, sem aparato cerimonial eclesiástico pomposo, conforme Francisco exigiu. Apenas alguns poucos cardeais, amigos próximos, religiosas e moradores das residências vaticanas acompanharão o ato final, em clima de profunda reverência. O chão batido, sem lajes ou inscrições de destaque, reforça a mensagem que guiou sua trajetória como bispo de Roma: a de que o poder deve sempre estar a serviço, e não acima dos outros.
Esse gesto final de Francisco ecoa sua opção preferencial pelos pobres, pelos marginalizados e por aqueles que não têm voz. Ele sempre recusou os privilégios do cargo e optou, até o fim, por viver com a mesma simplicidade que marcou seu ministério sacerdotal em Buenos Aires. Em vez de ser sepultado nas tradicionais Grutas Vaticanas, ladeado por papas canonizados e por monumentos históricos, Francisco escolheu repousar junto ao que é pequeno, invisível aos olhos do mundo, mas pleno de significado para a fé. Sua tumba será, ao mesmo tempo, testemunho de sua espiritualidade e desafio para os que o sucederem: que a grandeza do pastor não está na pedra esculpida, mas no amor vivido com radicalidade até o último suspiro.
No sábado, quando seu corpo for confiado à terra, o Vaticano estará silencioso, mas carregado de significado. Não haverá salvas de canhão, não haverá desfile militar, não haverá coroações de ouro. Apenas o som dos pés pisando suavemente o chão, o murmúrio de orações e o sopro de um legado que, mesmo encerrando-se, continuará ecoando por décadas na memória da Igreja.
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