segunda-feira, 26 de maio de 2025

COLUNA POLÍTICA | NA LUPA 🔎| POR EDNEY SOUTO

A VITÓRIA DE PAULO ROBERTO NO MDB PERNAMBUCANO EMBOLA A VAGA PELO SENADO DE JOÃO CAMPOS
Quem conhece os bastidores da política pernambucana sabe: o prefeito de Vitória de Santo Antão, Paulo Roberto, não dá ponto sem nó. A vitória de Raul Henry na presidência do MDB estadual teve suas digitais do início ao fim, e, mais do que um aceno para o presente, sinaliza os caminhos que ele traça para o futuro – e que passam diretamente pelo Senado. Vamos dar uma analisada NA LUPA desta segunda-feira. 

TODO MUNDO SABE O SONHO DE PAULO ROBERTO
Não é segredo. Paulo Roberto dorme e acorda sonhando em ser o segundo senador da chapa de João Campos em 2026. O primeiro nome, em tese, está reservado a uma figura do PT — leia-se Humberto Costa, senador experiente e fiel escudeiro da legenda no estado. Mas política é como nuvem, como dizia Magalhães Pinto, e em Pernambuco as nuvens andam carregadas de articulações inesperadas. E os resultados não estão pra brincadeira. Jarbas Filho e o senador Fernando Dueire que o digam. 

PAULO ROBERTO QUER FAZER ESCOLA NO ESTILO FBC
Paulo está replicando o modelo de Fernando Bezerra Coelho, que chegou ao Senado e alçou seus filhos Miguel (prefeito de Petrolina) e Antonio Coelho (deputado estadual). Agora, Paulo trabalha para reeleger a filha, Iza Arruda (MDB), deputada federal, e emplacar o filho Túlio Arruda na ALEPE. Tudo isso com o objetivo final: ocupar todos os espaços possíveis da política pernambucana, do municipal ao federal.

A CONTA DA VITÓRIA DE RAUL HENRY ESTÁ NO NOME DELE
A eleição interna do MDB estadual não foi trivial. Raul Henry se manteve presidente, mas com forte articulação e apoio de Paulo Roberto, que operou silenciosamente nos bastidores. FBC até achou que era coautor da vitória, na expectativa de ver seu filho Miguel como vice de João Campos, mas logo vai perceber: quem realmente deu as cartas foi Paulo Roberto. E que nessa nova etapa quem tá a frente do cenário é o prefeito do Recife. FBC reinou nos tempos de Eduardo Campos. Os tempos são outros. 

O CENÁRIO É PSB, MAS OS MOVIMENTOS SÃO DO MDB
João Campos, jovem estrela do PSB, ainda faz o malabarismo de manter o apoio do PT, mas a insatisfação com Humberto Costa e a reaproximação com a prima Marília Arraes pode ser o estopim para uma mudança de rumo. Paulo Roberto, bem posicionado no MDB, oferece uma alternativa sem os ruídos da velha esquerda e com base consolidada no interior.

A VAGA DE HUMBERTÃO ESTÁ A PERIGO
Sim, Humberto Costa está ameaçado. Não por desgaste, mas por arranjos. Se João quiser se afastar do PT, seja por pressão nacional ou por lógica regional, terá em Paulo Roberto uma solução doméstica, viável e leal. Nada impede uma chapa com João, Paulo no Senado ao lado de Marília Arraes e Luciana Santos na vice. O PCdoB, aliás, é um aliado histórico do PSB, e a ministra tem tudo para repetir a dose como candidata novamente.

FBC: DO COMANDO AO COADJUVANTE

Fernando Bezerra Coelho teve seus dias de glória. Hoje, mantém influência em Petrolina e filhos bem posicionados, mas vê o jogo se mover para longe de seu eixo. Enquanto FBC apostava que o MDB lhe devolveria protagonismo, Paulo Roberto o ultrapassou pela esquerda, pela direita e pelo centro. O ex-senador agora assiste, de longe, ao crescimento de um novo cacique.

A INFLAÇÃO DE NOMES E A DEFASAGEM DE PESO
Se de um lado o campo de João Campos tem nomes em excesso para poucas vagas, do outro falta densidade política. Paulo Roberto se apresenta como o equilíbrio entre força de base, lealdade institucional e construção partidária. Não é exagero dizer que o prefeito de Vitória de Santo Antão se tornou o nome mais estratégico do MDB no estado. O MDB 15 volta ao tabuleiro com força.  Após anos de oscilações e disputas internas, o MDB pernambucano volta a ganhar musculatura. E isso não aconteceu com uma liderança do Recife, mas sim com a força vinda do interior, numa movimentação que lembra o velho MDB de Jarbas e os tempos de ascensão pelo Sertão e Zona da Mata.

OS BASTIDORES ESTÃO FERVENDO

Enquanto os olhos do público estão voltados para o governo Lula e as tensões nacionais, nos bastidores locais, Paulo Roberto já conversa com lideranças, fecha apoios e garante alianças. Ele sabe que a construção de um projeto majoritário não se faz apenas em ano eleitoral – é um caminho lento, de ocupação territorial e política.

O MDB DE PAULO É MAIS DO QUE UM PARTIDO – É UM PROJETO FAMILIAR
Em tempos de renovação e novas lideranças, Paulo Roberto representa a nova cara do caciquismo moderno: mais discreto, mas não menos ambicioso. Ele não grita, não se impõe à força, mas está posicionando filhos, controlando o partido e mirando o Senado. Tudo ao mesmo tempo. Reeleger a filha Iza Arruda atual deputada federal e eleger o mais novo, Túlio Arruda para a Assembleia Legislativa de Pernambuco, garantindo de quebra a vaga de senador, essa é a meta. 

SE MARÍLIA FOR ESCOLHIDA, ACONTECE A TRÍADE DOS INESPERADOS 
Caso Marília Arraes seja escolhida, e tem tudo para ser, caro leitor. A ex-deputada realmente voltou ao campo de João Campos – rompendo com o PT –, a equação muda completamente. João, Marília e Paulo formariam uma frente forte, com capilaridade no Recife e no interior, além de uma boa narrativa para fugir da dependência petista. A próxima eleição já começou e Paulo Roberto sabe disso. Se tem algo que diferencia os políticos profissionais dos amadores é saber o timing da política. 


ENFIM PAULO ROBERTO OCUPA A FUNÇÃO DE PROTAGONISTA ESTADUAL
Paulo Roberto não está esperando 2026 chegar para se movimentar. Ele já está em campo. Está jogando o jogo com peças bem colocadas no tabuleiro e pretende fazer história. A vitória de Paulo Roberto no MDB, como pai e mãe da reeleição de Raul Henry ao comando do MDB Pernambucano muda o xadrez eleitoral do estado. De coadjuvante municipal, ele se transformou em protagonista estadual, com força suficiente para embolar a vaga de Senado na chapa de João Campos. Humberto Costa que se cuide. Os ventos do interior estão soprando forte no Recife. É isso aí.

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