Na próxima terça-feira (6), a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) será palco de uma audiência pública que promete mobilizar diferentes setores da sociedade em torno de um tema que se tornou cada vez mais urgente: o avanço dos casos de feminicídio e da violência contra a mulher no Estado. O encontro está marcado para as 9h, no auditório Sérgio Guerra, e é fruto de uma articulação entre as deputadas Delegada Gleide Ângelo (PSB) e Dani Portela (PSOL), que uniram forças em uma iniciativa que atravessa partidos e ideologias, mas que converge na defesa da vida e dos direitos das mulheres pernambucanas. Gleide, que preside a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alepe, traz para o debate a sua bagagem como delegada especializada em crimes contra mulheres, enquanto Dani, presidente da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular, reforça o viés da luta social e do combate às desigualdades estruturais que alimentam esse ciclo de violência.
A audiência pública também conta com a parceria do Levante Feminista Contra o Feminicídio, movimento nacional que reúne coletivos, entidades e ativistas na construção de ações concretas para frear a escalada de mortes violentas de mulheres no Brasil. Em Pernambuco, onde os índices de feminicídio cresceram de forma alarmante nos últimos anos, a mobilização ganha contornos ainda mais dramáticos. Dados da Secretaria de Defesa Social revelam que, só no primeiro semestre deste ano, o Estado registrou dezenas de casos de feminicídio, muitos deles cometidos em contextos domésticos e por parceiros ou ex-companheiros das vítimas, realidade que acende o alerta para a necessidade de políticas públicas mais eficazes.
O auditório da Alepe deve reunir representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública, do Tribunal de Justiça, das delegacias especializadas, além de lideranças de movimentos de mulheres, mães de vítimas e especialistas na área de segurança pública e direitos humanos. A proposta da audiência vai além da simples exposição de números. O objetivo das organizadoras é ouvir relatos, identificar gargalos na rede de proteção às vítimas e articular encaminhamentos concretos que possam fortalecer tanto a prevenção quanto a responsabilização dos agressores. As parlamentares também pretendem pressionar por mais investimentos em delegacias da mulher, casas de abrigo e programas de assistência psicológica e jurídica para quem sobrevive à violência.
A expectativa é que a audiência funcione como um marco dentro da Alepe, criando um ambiente de diálogo entre o poder público e a sociedade civil para enfrentar um problema que, muitas vezes, é tratado de forma isolada. Para o Levante Feminista, esse tipo de espaço é essencial para dar visibilidade às mulheres que tiveram suas vidas interrompidas e para cobrar respostas das instituições. Gleide Ângelo e Dani Portela, mesmo partindo de trajetórias políticas distintas, têm se destacado como vozes firmes na denúncia da violência machista e na busca por soluções que passem pela educação, pela segurança e pelo fortalecimento dos mecanismos legais já existentes. A audiência da próxima terça se insere nesse esforço, mirando não apenas a reversão dos números, mas a construção de um Estado onde mulheres possam viver sem medo.
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