Agora, ao lançar-se como pré-candidato a deputado federal, Lupércio enfrenta um cenário ainda mais desafiador do que nas disputas anteriores. O contexto político é outro, o eleitorado está mais exigente, e as amarras de sua base se mostram frágeis fora dos limites de Olinda. E mesmo na cidade que governou por oito anos, sua popularidade não sustenta o mesmo prestígio de outrora. Em 2022, tentou eleger a esposa para deputada estadual e não obteve sucesso, o que já foi um forte indicativo de que sua liderança política havia perdido tração. No novo ciclo, sua força eleitoral depende quase que exclusivamente de Olinda, e mesmo lá, enfrenta adversários em crescimento, como o ex-candidato a prefeito Vinicius Castello, que ficou em segundo lugar no primeiro turno da última eleição municipal e agora caminha para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa com o respaldo do PSB e do grupo do prefeito do Recife, João Campos (PSB), além do apoio do PT.
A estratégia de Lupércio em buscar um cargo na Câmara Federal é vista por muitos como um salto sem paraquedas. Ao contrário das eleições para deputado estadual, onde é possível se sustentar com redutos mais restritos, o pleito para federal exige estrutura, capilaridade política e votos espalhados por diversas regiões. O ex-prefeito, no entanto, tem atuação limitada, com base eleitoral circunscrita ao território olindense. Nas demais cidades da Região Metropolitana, sua presença é praticamente nula, e no interior, inexistente. O desafio não é apenas conquistar novos apoios, mas também reconstruir uma imagem de liderança que inspire votos fora de seu antigo reduto.
Sua saída da prefeitura não foi marcada por aclamações populares. Pelo contrário, deixou o cargo cercado por críticas, reclamações de má gestão e um legado administrativo questionável. A rejeição que carregou ao final do segundo mandato criou barreiras naturais a qualquer projeto político futuro, e as tentativas de se recolocar no jogo parecem mais guiadas pela insistência do que por uma leitura estratégica da realidade. Se já seria árduo disputar novamente uma cadeira na Assembleia Legislativa, a Câmara dos Deputados representa um desafio monumental. A eleição federal demanda estrutura financeira, aliança partidária robusta e exposição permanente, atributos que Lupércio, no atual momento, não demonstra reunir.
Mesmo entre aliados tradicionais, o entusiasmo com seu nome é baixo. Muitos que o apoiaram no passado já buscaram novas alternativas, enquanto outros evitam associar suas imagens ao ex-prefeito diante do alto custo político de uma eventual derrota. Na prática, Lupércio entra em uma corrida nacional sem musculatura política, apostando quase exclusivamente na memória do eleitor olindense, que por sua vez, já deu sinais de que deseja virar a página. Com pouco fôlego fora de Olinda e enfrentando concorrentes mais articulados e inseridos no contexto político atual, o caminho até Brasília parece não apenas distante, mas inalcançável.
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