O SILÊNCIO QUE FERE A LIBERDADE DE IMPRENSA: SEIS MESES DE IMPUNIDADE AO JORNALISTA RICARDO ANTUNES E SUA LUTA POR JUSTIÇA

Nesta ultimo, 14 de maio de 2025, completou meio ano do brutal atentado que quase tirou a vida do jornalista investigativo Ricardo Antunes, um dos nomes mais respeitados da imprensa pernambucana e brasileira. No final da tarde de 13 de novembro de 2024, Ricardo foi surpreendido por um agressor que, utilizando um soco inglês, desferiu dois golpes violentos contra o rosto do jornalista, em frente à Trois Barbearia, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. As consequências físicas foram imediatas e graves: Ricardo levou 33 pontos no rosto, teve a pálpebra rasgada, sofreu afundamento facial e precisou passar por uma cirurgia delicada, além de correr risco real de perder a visão do olho esquerdo. A brutalidade do ataque foi tamanha que ele ficou vários dias afastado do trabalho e em recuperação física e emocional.

O episódio chocou não apenas o meio jornalístico, mas também setores amplos da sociedade civil que acompanham o trabalho do jornalista há décadas. Ricardo é conhecido por seu estilo incisivo, pela coragem de enfrentar interesses poderosos e pela disposição de denunciar esquemas de corrupção e abusos de poder. Nos bastidores da investigação, não restam dúvidas de que o ataque teve motivação clara: silenciar a voz de alguém que incomoda. A polícia identificou o agressor e chegou a intimá-lo a depor, mas até agora, nenhuma medida efetiva foi tomada. O processo não avançou como se espera em casos tão evidentes de violência premeditada, e a sensação de impunidade começa a tomar contornos revoltantes.

Entidades que atuam na defesa da liberdade de imprensa, como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a ONG Repórteres Sem Fronteiras, têm acompanhado o caso e demonstrado preocupação com a demora na responsabilização do criminoso. Relatórios recentes apontam o Brasil como um dos países com maior crescimento no número de ataques a jornalistas, tanto físicos quanto virtuais, refletindo um ambiente cada vez mais hostil à prática do jornalismo livre. A agressão a Ricardo não é um caso isolado, mas um retrato simbólico de uma escalada de violência que ameaça diretamente o direito à informação e o exercício democrático.

Ricardo Antunes, mesmo diante das dores e cicatrizes profundas que carrega no corpo e na alma, segue trabalhando e cobrando justiça. Não se calou. Continua publicando reportagens com o mesmo rigor investigativo de sempre, ciente dos riscos que sua profissão impõe em tempos tão sombrios para a liberdade de expressão. Seu caso é discutido nos corredores das redações, nos grupos de jornalistas e nas assembleias de entidades sindicais como um exemplo grave de que não há segurança para quem ousa dizer a verdade em voz alta. O silêncio das autoridades diante da tentativa de silenciamento de um profissional da imprensa diz muito sobre o estágio preocupante da democracia no país. Nós, que fazemos o Blog do Edney, expressamos nossa mais profunda solidariedade a Ricardo Antunes, reiteramos nosso apoio irrestrito à sua luta por justiça e reafirmamos nosso compromisso com a liberdade de imprensa e com todos os jornalistas que, como ele, resistem mesmo sob ameaças e violência.