De acordo com informações da Polícia Federal, entre os anos de 2019 e 2024, a organização da sociedade civil envolvida no esquema recebeu mais de R$ 662 milhões em repasses realizados por diversas prefeituras pernambucanas. Deste montante vultoso, pelo menos R$ 431 milhões têm origem em recursos federais, o que acendeu o alerta para possíveis desvios com verbas públicas de programas essenciais. A PF aponta que os contratos investigados envolvem, em sua maioria, o fornecimento de profissionais terceirizados para atuar em unidades públicas de saúde, numa prática que pode ter sido sistematicamente utilizada para mascarar fraudes em processos licitatórios.
As medidas judiciais determinadas pela 23ª Vara Federal de Pernambuco incluíram o cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão nas cidades de Caruaru, Garanhuns, Bom Conselho e Terezinha, todas localizadas no Agreste. As buscas, realizadas por 80 policiais federais com o apoio de oito técnicos da CGU, visam coletar provas documentais e digitais, além de bens que possam indicar movimentações financeiras atípicas. Entre os itens apreendidos, estão relógios de alto valor encontrados em uma das residências vasculhadas, sugerindo sinais exteriores de enriquecimento incompatível com os rendimentos formais dos envolvidos.
Os alvos da operação estão impedidos, por ordem judicial, de manter qualquer tipo de comunicação entre si e também não podem deixar as cidades onde residem sem autorização prévia da Justiça. A investigação aponta a possível existência de uma organização criminosa estruturada para operar de forma discreta, empregando métodos sofisticados de ocultação dos recursos públicos desviados. O nome da operação, Valatus, faz referência direta a essa característica velada e encoberta das ações dos suspeitos, segundo explicou a Polícia Federal em nota divulgada à imprensa.
Os crimes apurados incluem fraude em licitação, peculato, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Se confirmadas as suspeitas, as penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão. As autoridades consideram o caso de alto impacto, tanto pelo volume de recursos movimentados quanto pela possível contaminação de políticas públicas essenciais, como a saúde. A investigação segue em sigilo e novas fases da operação não estão descartadas. A PF e a CGU continuam analisando documentos apreendidos para traçar o caminho do dinheiro público supostamente desviado e identificar outros possíveis envolvidos no esquema.
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