quarta-feira, 4 de junho de 2025

FISCALIZAÇÃO DETECTA CAOS NO HOSPITAL MONTE SINAI EM GARANHUNS

O Hospital Monte Sinai, localizado em Garanhuns e considerado o único de caráter exclusivamente privado em toda a região, encontra-se no epicentro de uma grave crise estrutural, ética e sanitária, após denúncias alarmantes que levaram o Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) a realizar uma fiscalização surpresa na unidade de saúde. A vistoria foi feita em dois momentos distintos: na noite da segunda-feira, dia 2, e na manhã da terça-feira, dia 3. Em ambas as ocasiões, os fiscais constataram um cenário descrito como “alarmante” pela equipe técnica do Conselho, que agora avalia a possibilidade de medidas mais rigorosas contra a instituição, incluindo interdição ética e judicialização.

Durante a fiscalização, foi identificado um conjunto de falhas consideradas graves, especialmente nos setores considerados críticos para o funcionamento de qualquer unidade hospitalar. Não havia nenhum enfermeiro presente na Emergência nem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), fato que contraria frontalmente a legislação vigente. A Lei nº 7.498/1986, que regula o exercício da Enfermagem no Brasil, determina que procedimentos como a triagem de pacientes devem ser realizados exclusivamente por enfermeiros. No entanto, o Coren-PE constatou que essa função estava sendo executada por técnicos de enfermagem, o que configura não apenas uma irregularidade legal, mas um risco direto à vida dos pacientes atendidos.

Outro aspecto que causou preocupação foi a sobrecarga dos profissionais. Técnicos de enfermagem estariam atuando por longos períodos sem descanso adequado, em um ambiente que, segundo os fiscais, carece de estrutura física mínima para garantir a segurança dos trabalhadores e dos próprios pacientes. A chefe do Departamento de Fiscalização do Coren-PE, Ivana Andrade, destacou que o cenário encontrado reflete um nível extremo de desgaste físico, mental e cognitivo dos profissionais da saúde, comprometendo de forma grave a qualidade da assistência prestada. “A exaustão desses trabalhadores é visível e impacta diretamente na segurança do cuidado. O paciente é o maior prejudicado nesse sistema colapsado”, declarou.

A gravidade da situação se confirma nos números. Apenas no mês de maio, oito dos 21 pacientes internados na UTI do hospital foram a óbito. Com apenas cinco leitos de terapia intensiva disponíveis, a unidade hospitalar precisa atender pacientes de 21 municípios do Agreste meridional, o que representa uma demanda muito superior à sua capacidade. A falta de retaguarda hospitalar, aliada à escassez de profissionais qualificados e à ausência de supervisão adequada, cria um cenário de colapso silencioso na saúde privada regional, que até então passava despercebido das instâncias de controle e da própria população.

Diante do quadro identificado, representantes do Coren-PE encaminharam um relatório detalhado ao Ministério Público de Pernambuco. Em resposta, o promotor de Justiça Bruno Miquelão Gottardi se reuniu com os fiscais do Conselho e garantiu que vai convocar uma audiência com a direção do Hospital Monte Sinai para apurar os fatos e buscar soluções imediatas. Além disso, o Conselho estuda ingressar com uma ação civil pública como forma de pressionar por mudanças urgentes na condução administrativa da unidade, que, segundo os profissionais da fiscalização, opera atualmente em desacordo com as mínimas exigências legais e éticas do exercício da enfermagem.

Apesar da gravidade das denúncias e da repercussão que o caso vem ganhando na imprensa e entre os órgãos fiscalizadores, a direção do Hospital Monte Sinai ainda não se manifestou publicamente sobre o teor da fiscalização, tampouco respondeu aos questionamentos enviados até o momento. A ausência de posicionamento por parte da instituição tem sido criticada por profissionais da área e representantes da sociedade civil, que cobram uma resposta clara e ações imediatas diante de um quadro que ameaça a saúde pública em diversos municípios do interior de Pernambuco. O blog do Edney reitera que permanece à disposição para publicar o posicionamento oficial da unidade hospitalar, assim que for encaminhado.

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