segunda-feira, 9 de junho de 2025
FROTA DE ÔNIBUS NUNCA ESTEVE TÃO VELHA NO GRANDE RECIFE
Nunca a frota de ônibus da Região Metropolitana do Recife esteve tão envelhecida e sucateada como agora. Em meio a uma crise silenciosa que se arrasta sem perspectivas de solução, os coletivos que circulam nas ruas do Grande Recife vêm operando, em sua maioria, com mais de sete anos de uso, o que contraria diretrizes técnicas e compromete a segurança, o conforto e a eficiência do serviço prestado à população. Dados inéditos de abril de 2025, obtidos pelo JC, revelam um retrato preocupante: dos quase dois mil ônibus que ainda operam sob responsabilidade das empresas permissionárias — aquelas que ainda não assinaram contrato de concessão — mais de 50% já ultrapassaram o tempo de vida útil recomendado para esse tipo de transporte. São veículos que deveriam ter sido retirados de circulação, mas que seguem rodando diariamente pelas avenidas da capital e cidades vizinhas. A deterioração da frota é ainda mais evidente quando se faz um comparativo com anos anteriores. Em janeiro de 2023, o STPP (Sistema de Transporte Público de Passageiros da RMR) contava com 1.826 veículos registrados. Dois anos depois, em abril de 2025, esse número caiu para 1.689, o que representa uma redução de 137 ônibus, ou cerca de 7,5% da frota. A queda no número de veículos operacionais, no entanto, veio acompanhada de outro dado mais grave: a ampliação da idade média da frota, que saltou de 5,37 anos em 2023 para 5,59 anos em 2025, escancarando a falta de investimentos no setor. A situação mais crítica, porém, está no crescimento exponencial do número de ônibus com idade acima dos sete anos. Em janeiro de 2023, havia 568 veículos nessas condições. Em abril de 2025, esse número chegou a 868. Na prática, mais da metade da frota das empresas permissionárias opera em situação de risco, ultrapassando a faixa etária recomendada para o transporte coletivo urbano, que exige veículos mais novos e adaptados à crescente demanda de passageiros. O problema se agrava ainda mais diante da estagnação no processo de renovação da frota. A ausência de contratos definitivos entre o poder público e as empresas operadoras contribui para o desinteresse dos empresários em investir na substituição dos ônibus antigos. Sem garantias jurídicas e financeiras, as empresas mantêm veículos deteriorados em circulação, num ciclo vicioso que penaliza diretamente os usuários. O resultado é visível nas ruas: coletivos com falhas mecânicas constantes, ar-condicionado inoperante, elevadores para cadeirantes quebrados e atrasos nas linhas. Para o passageiro, sobram desconforto e indignação. Para os motoristas e cobradores, aumentam os riscos de acidentes e a sobrecarga de trabalho. No atual cenário, a modernização do sistema parece um horizonte cada vez mais distante, enquanto a população continua a depender de um transporte público que envelhece a olhos vistos e resiste ao colapso diário sem um plano real de resgate.
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