No compasso do forró, os pré-candidatos ao Senado por Pernambuco têm aproveitado os festejos juninos como vitrine política e espaço de contato direto com a população. Em meio ao som da sanfona, do triângulo e da zabumba, cada passo no salão se transforma em gesto calculado de articulação, visibilidade e reafirmação de alianças. Humberto Costa (PT), que busca a reeleição, foi um dos que mais circulou pelos polos tradicionais do São João. No sábado, esteve em Caruaru, onde posou para fotos, cumprimentou aliados e reforçou sua presença no Agreste. No domingo, seguiu para Sairé e Vitória de Santo Antão, consolidando sua marca entre eleitores da Zona da Mata. Ainda na quinta e sexta, fez uma rota pelo Sertão e pelo Agreste Meridional, passando por Flores, Serra Talhada, Pedra, Venturosa e Angelim. Em todos esses municípios, Humberto apresentou um pacote de investimentos no valor de R\$ 4 milhões, reforçando o discurso de que tem entregas concretas a mostrar. Em Serra Talhada, participou ainda de reuniões internas sobre a disputa pelo comando estadual do PT, que está em ebulição.
Fora do Congresso, mas em plena atividade, Marília Arraes (Solidariedade) tem usado o São João como palco para fortalecer seu nome e ampliar alianças. Esteve em Petrolina, ao lado do prefeito recifense João Campos, em um gesto simbólico que ecoa na sucessão estadual e também no debate sobre a composição da chapa majoritária de oposição. Depois, seguiu para Salgueiro, onde conversou com lideranças sertanejas, e no domingo foi figura presente na Caminhada do Forró em Arcoverde, evento tradicional que atrai milhares de pessoas e políticos de todas as correntes. Marília aposta no carisma e na identidade com o interior para manter seu capital político ativo, mesmo sem mandato.
Miguel Coelho (União Brasil), ex-prefeito de Petrolina e presidente estadual da legenda, optou por um São João mais concentrado. Recebeu aliados em sua cidade, mantendo-se como anfitrião estratégico no Sertão do São Francisco. Só deixou Petrolina para participar da abertura do São João em Salgueiro, ao lado do irmão e deputado federal Fernando Filho. A festa foi organizada pelo prefeito Fabinho Lisandro (PSD), aliado da governadora Raquel Lyra, o que evidencia a tentativa de Miguel de manter pontes com setores ligados ao Palácio.
Um dos que mais rodou o estado nos últimos dias foi o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos). Em ritmo intenso, passou por sete cidades: Petrolina, Surubim, Altinho, Agrestina, Caruaru, Gravatá e Santa Cruz do Capibaribe. Em todas, conversou com prefeitos, apresentou projetos e mostrou desenvoltura popular. Foram mais de 40 gestores municipais com quem dialogou pessoalmente, destacando-se como um dos nomes com maior inserção entre as lideranças locais. Em algumas paradas, arriscou até cantar forró, reforçando sua imagem de político acessível. O giro também é parte de sua estratégia de visibilidade como potencial candidato ao Senado, caso confirme seu nome na disputa.
Entre os nomes da direita, Anderson Ferreira (PL) e Eduardo da Fonte (PP) optaram por agendas mais discretas. Ambos foram vistos em Gravatá, importante polo turístico no Agreste, mas logo depois optaram por recuar e aproveitar os dias com a família. O senador Fernando Dueire (MDB), que tem mandato, usou o período para descanso e prometeu intensificar sua agenda política nos eventos de São Pedro, quando boa parte das lideranças volta a circular no interior.
Já a vereadora do PSOL, Jô Cavalcanti, que também se apresenta como pré-candidata, esteve em Caruaru e, em seguida, circulou por diversos polos culturais do Recife, fazendo falas com forte teor social e de defesa das tradições nordestinas. Sua agenda tem perfil mais militante e de presença nas bases urbanas e populares.
Por fim, Gilson Machado, ex-ministro do Turismo e nome ligado ao bolsonarismo, viu sua participação nos festejos limitada por decisão judicial. Ele está impedido de deixar a comarca do Recife, como parte das medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal. Sua ausência foi notada especialmente em Caruaru, onde costuma subir ao palco com a banda Brucelose. Sem poder ir ao Alto do Moura, Gilson perdeu uma das principais vitrines políticas do ciclo junino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário