sexta-feira, 13 de junho de 2025

PRISÃO DE MAURO CID FOI REVOGADA

STF revoga prisão de Mauro Cid minutos após detenção; ex-ministro Gilson Machado segue detido em Recife
Em mais um desdobramento da Operação Contragolpe, o Supremo Tribunal Federal (STF) revogou, na manhã desta sexta-feira (13), a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão veio poucos minutos após o cumprimento do mandado de prisão, o que surpreendeu até mesmo agentes da Polícia Federal envolvidos na operação.

A revogação da ordem de prisão não livra Cid de novas obrigações judiciais. O militar foi conduzido à sede da Polícia Federal, em Brasília, onde prestará novo depoimento ainda nesta sexta-feira. A expectativa é de que ele seja interrogado sobre os indícios de tentativa de obtenção de passaporte português de forma ilegal — movimento que levantou suspeitas de uma possível tentativa de fuga do país.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou a apuração, a articulação para o passaporte europeu teria envolvido diretamente o ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto, que foi preso pela PF em Recife também nesta manhã. A investigação aponta que Machado teria intermediado contatos e facilitado a tramitação para viabilizar a nacionalidade portuguesa de Cid.

A suspeita central dos investigadores é de que a tentativa de obtenção de passaporte estrangeiro se encaixa numa estratégia de obstrução da Justiça, uma vez que Mauro Cid é peça-chave nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Cid já firmou acordo de delação premiada anteriormente e seus depoimentos têm implicado nomes do alto escalão do bolsonarismo.

O caso reacende o debate sobre as movimentações subterrâneas de aliados do ex-presidente em meio às investigações que miram a trama golpista. A ação desta sexta-feira reforça a linha de atuação da Polícia Federal em conter qualquer tentativa de evasão por parte de investigados com potencial de comprometer o avanço das apurações.

A decisão do STF, no entanto, ainda não foi totalmente esclarecida publicamente. Fontes do tribunal indicam que a prisão teria sido considerada excessiva diante da colaboração já prestada por Cid à Justiça. Mesmo assim, a medida de levá-lo para novo depoimento demonstra a sensibilidade do caso e o esforço para manter sob controle eventuais articulações paralelas.

A prisão de Gilson Machado e a tentativa frustrada de detenção de Cid representam um novo estágio nas investigações da Operação Contragolpe. A PF e a PGR trabalham em conjunto para mapear conexões internacionais e compreender se existe uma rede de apoio destinada a proteger envolvidos no suposto plano de subverter o resultado das urnas em 2022.

As diligências desta sexta também indicam que novas prisões e quebras de sigilo podem ser autorizadas nos próximos dias. A operação deve se intensificar, sobretudo com foco nas movimentações financeiras e de comunicação de aliados do núcleo bolsonarista.

Com a atenção pública voltada novamente para o entorno do ex-presidente, o episódio reacende a tensão política em Brasília e amplia a pressão sobre o STF para agir com firmeza, mas dentro dos limites constitucionais. A revogação relâmpago da prisão de Cid é um sinal claro de que o Judiciário seguirá atento aos detalhes — e às entrelinhas — dos bastidores do poder.

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