Por Greovário Nicollas.
A demolição do antigo terminal rodoviário de Garanhuns marca o fim de uma era, mas também o início de um novo debate sobre o planejamento urbano da cidade. Depois de décadas de abandono, promessas e entraves burocráticos, finalmente a área será desapropriada. A ação, conduzida pelo prefeito Sivaldo Albino, representa uma conquista significativa que nenhum outro gestor conseguiu concretizar, apesar de inúmeras tentativas. O antigo terminal, localizado em uma das áreas mais nobres e centrais da cidade, estava em ruínas, servindo apenas como retrato do descaso com o espaço urbano e como obstáculo ao desenvolvimento. Agora, com a decisão da prefeitura, a Praça Mestre Dominguinhos, palco do consagrado Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), será ampliada. A medida é vista como acertada, uma vez que o espaço já se mostrava pequeno diante do crescimento do evento e do fluxo de pessoas.
Contudo, a discussão não deve parar por aí. O terminal rodoviário atual, situado na Avenida Caruaru, em frente ao belíssimo Parque Euclides Dourado, também se tornou um problema. Inicialmente construído com a promessa de modernização e ampliação da malha de transporte da cidade, o equipamento transformou-se, com o passar dos anos, em um elefante branco. Mal utilizado, subaproveitado e fora de contexto com as reais necessidades da cidade, o terminal praticamente não cumpre mais sua função original. É urgente que o Governo do Estado de Pernambuco reflita sobre o destino dessa estrutura. A resistência política em transferir o espaço ao município, por diferenças partidárias, apenas penaliza a população. O local tem potencial para ser transformado em um complexo turístico, cultural ou esportivo, valorizando ainda mais o Parque Euclides Dourado, que já é um dos pontos mais visitados de Garanhuns. Transferir os permissionários do primeiro terminal para o segundo e atual só vai mudar o endereço do problema porque eles não terão a infraestrutura que precisam e merecem e não ficarão satisfeitos.
Manter um terminal obsoleto, sem fluxo relevante de passageiros, é desperdiçar recursos e perpetuar um erro de planejamento. O espaço físico é generoso e permitiria a instalação de centros de convenções, feiras permanentes de artesanato, pavilhões culturais e até um museu interativo voltado à história da cidade. O risco é claro: o terminal da Avenida Caruaru pode se tornar um passivo urbano, um transtorno herdado para as próximas administrações. Cabe ao poder público estadual deixar de lado divergências políticas e colaborar com o futuro da cidade. A população de Garanhuns espera por soluções, não por obstáculos criados artificialmente por vaidade institucional. Assim como o antigo terminal será demolido para abrir caminho a um novo tempo, o atual também deveria ser repensado, rediscutido e, se necessário, removido. Garanhuns merece uma paisagem urbana que reflita sua beleza, sua cultura e seu potencial turístico. A cidade das flores precisa florescer também em sua infraestrutura inteligente e funcional. É hora de plantar esse novo projeto.
Articulista, Periodista e Colaborador do Blog do Edney.
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