quinta-feira, 17 de julho de 2025

BOLSONARO EXALTA ATUAÇÃO DE EDUARDO NOS EUA E DIZ QUE ELE SUPERA ITAMARATY

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender publicamente o filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), durante uma coletiva concedida nesta quinta-feira (17), ao criticar abertamente a atuação da diplomacia brasileira nos Estados Unidos. Em suas declarações, Bolsonaro afirmou que Eduardo, mesmo sem cargo oficial no governo, exerce um papel mais relevante na política externa do que o próprio ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e que tem trânsito livre entre figuras influentes da política americana, como membros do Congresso e da Casa Branca.

Segundo Bolsonaro, o filho está nos Estados Unidos desempenhando uma função de articulação informal, tendo conseguido abrir portas em esferas diplomáticas e políticas que, segundo ele, a diplomacia brasileira não estaria alcançando. “Ele está fazendo mais do que a embaixadora que está de férias e mais do que o nosso chefe aqui, o ministro das Relações Exteriores, que não está lá também. Que política externa é essa?”, questionou. Ele também mencionou nominalmente o senador Marco Rubio, tradicional aliado de pautas conservadoras no Congresso americano, para criticar a ausência de diálogo entre o Itamaraty e parlamentares norte-americanos.

No mesmo discurso, Bolsonaro abordou a situação jurídica de Eduardo, que está sendo investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por possível envolvimento em atos antidemocráticos e suposta ameaça à soberania nacional. O ex-presidente afirmou que o filho estaria sofrendo perseguição no Brasil e que, caso retornasse ao país, correria risco de ser preso. “Eduardo tem lutado lá para estabelecer a nossa liberdade. Nós não temos mais liberdade no Brasil”, declarou, alegando que a estada do deputado nos Estados Unidos é, ao mesmo tempo, estratégica e defensiva.

Ao comentar as discussões em torno de um eventual projeto de anistia para envolvidos nos ataques de 8 de janeiro e em outros episódios relacionados ao bolsonarismo, Bolsonaro afirmou que Eduardo não tem o poder de impor decisões, mas que o Congresso Nacional possui a prerrogativa de avançar com a pauta. Ele sugeriu que, se o Legislativo tomasse a dianteira na aprovação da proposta, o impasse estaria resolvido. Essa proposta tem sido a principal bandeira de diversos aliados do ex-presidente, que veem na anistia uma forma de proteger seus quadros políticos de processos judiciais e punições.

Bolsonaro também citou o ex-presidente americano Donald Trump, com quem mantém afinidade ideológica e já se reuniu em diversas ocasiões, para relativizar o debate sobre anistia. “Ah, o Trump quer anistia, eu não sei o que ele quer, tem que perguntar para ele. Se me colocar para negociar, pode ter certeza que vai sair”, disse. Ele aproveitou para criticar tarifas impostas por Washington contra o Brasil e insinuou que uma negociação política poderia resolver tanto o problema comercial quanto a questão da anistia, desde que conduzida de forma pragmática.

Para o ex-presidente, a presença de Eduardo nos Estados Unidos se justifica como um esforço pessoal de manutenção das conexões internacionais do bolsonarismo e de defesa das liberdades que, segundo ele, estariam em risco no cenário político atual do país. O discurso mistura críticas diretas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, insinuações de perseguição política, ataques ao Judiciário e uma tentativa de legitimar o papel de seu filho como uma espécie de embaixador informal da direita brasileira em Washington. A retórica de Bolsonaro amplia a tensão entre seu grupo político e os atuais ocupantes do Itamaraty, ao mesmo tempo em que reforça sua base ao sugerir que o Brasil está sendo governado de forma autoritária.

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