JOÃO CAMPOS ENCONTRA LULA E COLOCA NA MESA POSIÇÕES DO PSB PARA 2026
ENCONTRO NO PLANALTO: UMA CONVERSA QUE FALA PELO SILÊNCIO
Na política, nem tudo o que se fala é o que mais importa. Às vezes, o que não se diz é mais revelador. Foi esse o tom do encontro entre o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Brasília. Acompanhado do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), do ministro Márcio França (PSB) e do irmão deputado Pedro Campos (PSB), João foi à mesa com Lula para muito mais do que um aperto de mão institucional. A reunião contou ainda com a presença de Gleisi Hoffmann (PT), presidente nacional do PT, dando o tom de que o assunto era estratégia pura. Vamos dar uma passada aqui NA LUPA.
ENCERRAR O PALANQUE DUPLO EM PERNAMBUCO
O principal foco do encontro foi selar uma tentativa de acordo para evitar um palanque dividido em Pernambuco em 2026. Hoje, o capital político de Lula está fragmentado no Estado entre a governadora Raquel Lyra (PSD), que tem buscado aproximação com o Planalto, e João Campos, herdeiro político do ex-governador Eduardo Campos e hoje principal liderança da esquerda em Pernambuco. Lula sabe que não pode se dar ao luxo de ter seu apoio rachado em um estado estratégico — daí o esforço de contenção.
PSB TRAÇA SEUS RUMOS E DEFENDE ALCKMIN NA VICE
Outro ponto de pauta — esse tratado de forma mais objetiva — foi a permanência de Geraldo Alckmin como vice-presidente em uma eventual chapa Lula 2026. João Campos, em sintonia com França e o próprio Alckmin, reiterou o compromisso do PSB com a atual configuração da chapa presidencial. O PSB quer não só manter seu espaço na chapa majoritária nacional, como também garantir protagonismo nos palanques estaduais, especialmente em Pernambuco.
HUMBERTO COSTA FICA PARA DEPOIS
Embora se trate de um tema espinhoso, o nome do senador Humberto Costa (PT) foi cuidadosamente deixado fora da mesa — ao menos oficialmente. Nos bastidores, sabe-se que João Campos não vê com bons olhos a recondução de Humberto ao Senado. O prefeito quer compor uma chapa onde o nome ao Senado esteja sob sua influência direta. O tema será tratado em outro momento, talvez com mais amadurecimento político e definição dos palanques locais.
FOTOS, FACHADA E MIDIA: A POLÍTICA DOS GESTOS
Mais do que palavras, o encontro rendeu imagens. Fotos com Lula, Alckmin e ministros são estratégicas num jogo de aparências. João Campos quer nacionalizar seu nome. Estar ao lado de Lula em ano pré-eleitoral é mais do que uma foto: é um movimento de marca. Para o PT, também interessa sinalizar unidade, ainda que ela não esteja 100% selada. A política vive também daquilo que se encena — e a foto no Planalto serve para acalmar as bases e mandar recados aos aliados e adversários.
LULA CALCULISTA: NÃO HÁ PRESSA PARA DEFINIÇÕES
O presidente Lula, experiente e pragmático, evitou qualquer aceno definitivo durante o encontro. Sabe que 2026 ainda está longe o suficiente para manter a dúvida como ferramenta política. Um Lula que define tudo agora engessa alianças futuras. Por isso, a tática é escutar, registrar, medir forças e deixar o tempo trabalhar. A eventual definição do palanque pernambucano — com ou sem Raquel Lyra — vai depender dos desdobramentos do cenário estadual e do comportamento de Campos e Raquel nos próximos meses.
RAQUEL LYRA NO TABULEIRO: A GOVERNADORA PERDE ESPAÇO?
A movimentação de João Campos com Lula e a cúpula do PSB é um recado direto à governadora Raquel Lyra. Embora esteja cada vez mais próxima de setores do governo federal, Raquel pode perder protagonismo se o PT decidir apostar todas as fichas em João. Um palanque duplo não favorece Lula, e a tendência é que o Planalto cobre alinhamento. Raquel terá que reforçar sua base, garantir entregas e, sobretudo, construir uma narrativa de independência sem confrontar o lulismo. Mas ela sabe jogar o jogo e já mostrou diversas vezes que não brinca em cena.
2026 COMEÇA AGORA: JOÃO CAMPOS NO JOGO MAJORITÁRIO
Com apenas 31 anos, João Campos mostra mais uma vez que tem sede de protagonismo. O encontro com Lula foi apenas mais um capítulo da estratégia que visa ampliar sua presença nacional e, quem sabe, pavimentar o caminho para uma disputa majoritária em 2026 — seja à reeleição na prefeitura com forte palanque presidencial, ao governo do Estado ou, em um cenário ousado, até uma vice ou Senado. O PSB quer mais. E João também. E Lula, por ora, assiste e calcula. É isso aí.
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