quarta-feira, 16 de julho de 2025

DIPLOMATA ALERTA QUE INVESTIGAÇÃO DOS EUA É "BOMBA ATÔMICA" CONTRA O COMÉRCIO BRASILEIRO

A recente decisão do governo dos Estados Unidos de abrir uma investigação comercial contra o Brasil por meio da Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana provocou forte reação nos bastidores da diplomacia brasileira. Um experiente diplomata do Itamaraty, com trânsito direto junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), classificou a medida como “a bomba atômica da área comercial”, revelando a gravidade e o potencial impacto da iniciativa para o comércio internacional brasileiro. A declaração foi feita em entrevista à colunista Amanda Klein, do UOL, e revela um nível de preocupação elevado no Palácio do Planalto diante da postura adotada por Washington. A Seção 301, embora pouco conhecida pelo grande público, é uma ferramenta poderosa que permite ao governo dos EUA investigar práticas comerciais de outros países consideradas injustas ou discriminatórias. Caso a investigação conclua que o Brasil adota medidas incompatíveis com os interesses norte-americanos, sanções comerciais severas podem ser aplicadas, como aumento de tarifas, restrições à importação ou outras barreiras.

Segundo o diplomata ouvido pela reportagem, a abertura desse processo equivale a uma ameaça direta ao país. “É como negociar com um revólver apontado para a cabeça”, afirmou, ao contextualizar a ação dentro de um cenário mais amplo de pressões políticas internacionais. Ele lembrou que o movimento ocorre num momento em que Donald Trump, pré-candidato republicano à presidência dos EUA e conhecido aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem intensificado declarações duras contra o Brasil, especialmente relacionadas ao uso das redes sociais e à atuação de empresas de tecnologia no país. A leitura dentro do Itamaraty é de que a decisão do governo norte-americano tem um caráter mais político do que técnico, com foco em desgastar a imagem do governo Lula no plano internacional e criar instabilidade no setor produtivo nacional.

A investigação, conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), não é apenas simbólica: ela impõe limites reais à capacidade de negociação do Brasil. O diplomata ressalta que, uma vez instaurado o processo, a margem de manobra nas conversas bilaterais se reduz drasticamente. “Estreita o espaço para negociação. Se houver condenação, há medidas que os Estados Unidos são legalmente obrigados a tomar. É um processo muito grave e perigoso”, alertou. O temor é que essa ofensiva venha a prejudicar setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio, a indústria de transformação e a tecnologia, justamente em um momento em que o governo federal busca ampliar acordos internacionais e reposicionar o Brasil como ator relevante no cenário global. A repercussão interna nos círculos diplomáticos é de apreensão, e há uma mobilização para que o tema seja tratado com prioridade nas próximas reuniões de alto nível entre os dois países.

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