Segundo o diplomata ouvido pela reportagem, a abertura desse processo equivale a uma ameaça direta ao país. “É como negociar com um revólver apontado para a cabeça”, afirmou, ao contextualizar a ação dentro de um cenário mais amplo de pressões políticas internacionais. Ele lembrou que o movimento ocorre num momento em que Donald Trump, pré-candidato republicano à presidência dos EUA e conhecido aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem intensificado declarações duras contra o Brasil, especialmente relacionadas ao uso das redes sociais e à atuação de empresas de tecnologia no país. A leitura dentro do Itamaraty é de que a decisão do governo norte-americano tem um caráter mais político do que técnico, com foco em desgastar a imagem do governo Lula no plano internacional e criar instabilidade no setor produtivo nacional.
A investigação, conduzida pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), não é apenas simbólica: ela impõe limites reais à capacidade de negociação do Brasil. O diplomata ressalta que, uma vez instaurado o processo, a margem de manobra nas conversas bilaterais se reduz drasticamente. “Estreita o espaço para negociação. Se houver condenação, há medidas que os Estados Unidos são legalmente obrigados a tomar. É um processo muito grave e perigoso”, alertou. O temor é que essa ofensiva venha a prejudicar setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio, a indústria de transformação e a tecnologia, justamente em um momento em que o governo federal busca ampliar acordos internacionais e reposicionar o Brasil como ator relevante no cenário global. A repercussão interna nos círculos diplomáticos é de apreensão, e há uma mobilização para que o tema seja tratado com prioridade nas próximas reuniões de alto nível entre os dois países.
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