Segundo o parlamentar, que se mudou para os Estados Unidos e vem mantendo atuação política mais discreta desde então, as medidas restritivas impostas a Bolsonaro incluem o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de sair de casa entre 19h e 7h, além da vedação total ao uso de redes sociais. Bolsonaro também está impedido de manter contato com embaixadores e representantes diplomáticos de qualquer país. As restrições ainda impedem que ele se comunique com os filhos Carlos e Eduardo, ambos investigados em inquéritos que apuram suposta tentativa de golpe de Estado e manipulação institucional após as eleições de 2022.
A reação de Eduardo ocorre no mesmo dia em que o cenário político brasileiro volta a ser impactado por ações do STF. Fontes ligadas à investigação apontam que o endurecimento das medidas visa conter o que autoridades consideram como uma estratégia de desestabilização institucional por parte do ex-presidente e seus aliados mais próximos. O vídeo de Bolsonaro, que circulou nas plataformas digitais até ser removido, foi interpretado por integrantes do Judiciário como um aceno à extrema-direita global, especialmente em um momento em que Trump busca retornar à Casa Branca nas eleições americanas.
Eduardo, que já foi cotado para ocupar cargos diplomáticos durante o governo do pai, tem reforçado laços com o trumpismo desde que se afastou do mandato parlamentar no Brasil. Nos bastidores, ele é acusado de ter articulado uma movimentação junto a círculos conservadores nos EUA para pressionar o governo Biden a adotar sanções comerciais contra o Brasil. A medida mais recente anunciada por Washington impõe uma sobretaxa de 50% sobre uma série de produtos brasileiros importados a partir de 1º de agosto, o que deve afetar setores como o do agronegócio e da indústria de base.
O conteúdo da carta enviada por Trump a Bolsonaro não foi divulgado oficialmente, mas pessoas próximas ao ex-presidente afirmam que se trata de uma mensagem de solidariedade diante das acusações enfrentadas no Brasil. Em sua fala, Bolsonaro afirma que é vítima de perseguição e compara sua situação à de Trump, que também enfrenta acusações na Justiça americana. O gesto foi visto com preocupação por diplomatas brasileiros, que avaliam o episódio como um risco para as relações exteriores, num momento em que o país tenta reconstruir pontes com o governo americano.
A escalada nas tensões também levou a reações no Congresso Nacional. Parlamentares da base governista criticaram a postagem de Eduardo, classificando-a como tentativa de interferência em assuntos internos do Brasil por meio de apoio internacional. Já a oposição defendeu o direito de manifestação do deputado, alegando que as medidas contra Bolsonaro seriam desproporcionais e politicamente motivadas. A nova ofensiva do STF, por sua vez, é tratada como parte de um esforço para garantir o cumprimento das decisões judiciais anteriores, diante da reincidência de ações que afrontam as normas determinadas pela Corte.
Enquanto isso, o ex-presidente permanece em silêncio desde a postagem do vídeo, já que está impedido de usar seus próprios perfis nas redes sociais. Assessores próximos afirmam que ele estuda acionar organismos internacionais para denunciar o que considera uma perseguição política. Aliados dizem ainda que Bolsonaro não descarta a possibilidade de buscar asilo político, embora essa hipótese seja tratada com cautela por diplomatas e membros do alto escalão do PL, partido ao qual é filiado.
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